Manaus, 28 de março de 2024

Viagens presidenciais (e de presidenciáveis) a Itacoatiara (2)

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PRESIDENTE WASHINGTON LUÍS

A partir do tenentismo (1), a inquietação política tornou-se crônica no Brasil. O desenvolvimento nacional passou cada vez mais a depender das atividades urbanas, sobretudo as do setor industrial. Desde os anos 1920, o número de estabelecimentos fabris e, consequentemente, de operários, cresceu de forma espantosa. Mas o governo continuava privilegiando os lucros das atividades agrícolas. Nem mesmo a indicação de um candidato único, Washington Luís, para suceder Artur Bernardes (1875-1955), em 1926, foi capaz de eliminar o problema central do velho regime: o domínio político e econômico dos fazendeiros.

À época, em consonância com a Constituição Federal de 1891, as eleições presidenciais eram realizadas individualmente e do pleito de 01/03/1926 resultaram ser eleitos o presidente Washington Luís, com 688.528 votos, e o vice-presidente Fernando de Melo Viana (1878-1954), com 685.754 sufrágios. Assim que proclamado, Washington Luís decidiu visitar o Amazonas – visita que culminou com seu desembarque em Manaus, em 20 de julho. Acompanhavam-no o secretário Rodolpho Sartorelli e o ajudante-de-ordens capitão Antônio Goulart. O navio Pará (2), que os transportava, deixou o porto de Santos em 29 de maio, aportou em Recife em 10 de julho e, de lá, viajou no dia 12 direto ao nosso Estado.

O Amazonas atravessava então muitas dificuldades. Motor da economia regional, a comercialização dos produtos extrativos não era estável. À influência do mercado asiático, o preço da borracha estava sempre oscilando. Os portos de Manaus e Itacoatiara, além de receberem navios das empresas nacionais Companhia Fluvial e Navegação B. Levy, que faziam a linha do Madeira, acolhiam vapores das frotas inglesa The Amazon River Steam Navigation, realizando a conexão de Belém, Juruá, Purus e Madeira, Booth Line e Lamport & Holt Line, responsáveis pela navegação da Europa e da América, e alemã Lloyd Alemão, fazendo a linha regular de carga entre Hamburgo, Bremen e a Amazônia.

Após uma ligeira parada em Belém, a comitiva presidencial seguiu em direção ao nosso Estado, passou ao largo de Santarém às 10:15 horas do dia 18 e ultrapassou Parintins à uma hora da manhã do dia seguinte. No início da tarde de 19 de julho, Washington Luís mandou que o Pará ancorasse em Itacoatiara, especialmente para receber Carlos Pereira da Silva (3), juiz de direito da Comarca, seu velho amigo e colega de curso na Faculdade de Direito em São Paulo. Em companhia desse magistrado, do prefeito Isaac José Perez (4), do presidente da Câmara Antônio Soares Pereira, dos vereadores Antônio de Araújo Costa (1888-1971), Armindo Magalhães Ausier (1898-1976), Cassiano Secundo Nunes de Oliveira (1864-1932), Osório Alves Fonseca (1889-1960) e outros próceres municipais, o futuro chefe da nação passeou pelo centro histórico, sendo alvo de grandes manifestações. Deixou a cidade às 16:00 horas.

Como admirador exaltado das “histórias de velho”, em passado recente levantei dados sobre as opiniões dos ‘antigos’, acerca de determinados assuntos da história de Itacoatiara, e em relação ao tema ora discorrido, peço licença para incluir aqui o seguinte trecho colhido do 2º volume do meu livro “Cronografia de Itacoatiara”, Manaus, 1998, páginas 169/173: segundo depoimento do comerciante Ilídio Antunes Ramos (1915-1968), a mim prestado em 25/10/1987, “quando passou por Itacoatiara, Washington Luís passeou no carro de luxo puxado a cavalo, do português José de Oliveira (1887-1957)”. Já, segundo depôs em 27/09/1997 o músico Pedro (Doca) Rattes Filho (1907-2001), que à época do evento… “tinha pouco mais de 19 anos… o presidente eleito não saltou, tendo falado diretamente ao povo da sacada do navio que o conduzia, atracado no porto da cidade”.

Posteriormente, apurei que ocorreram as duas coisas, ou seja, os relatos de ambos ilustres filhos da cidade estavam certos: Washington Luís, acomodado no carro ‘de luxo’ do velho Oliveira, deslocou-se da atual Praça Luiza Valério (a popular ‘pracinha do relógio’), margeando o Rio Amazonas – onde o navio Pará estava ancorado – e foi conduzido até à Praça da Matriz; visitou a Prefeitura Municipal, nos altos do Palacete Aquilino Barros, à Rua Quintino Bocaiuva, e pouco depois, já a bordo, falou “diretamente ao povo da sacada do navio”.

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(1) Tenentismo – ideologia que culminou na Revolução de 1930 pondo fim à Primeira República, foi responsável pelas revoltas amazonenses de 1924 e 1932. A primeira, irrompida em Manaus no dia 23/07/1924, estendeu-se até Óbidos/PA e causou a deposição e prisão do último superintendente municipal de Itacoatiara, Antônio Guaycurus de Souza e de seu secretário-tesoureiro, Augusto de Vasconcellos Dias (1882-1948); e a segunda, iniciada na cidade paraense acima citada, em 19/08/1932, e concluída com a Batalha Naval de Itacoatiara, em frente desta cidade em 24/08 do mesmo ano.

(2) O Pará, navio de primeira classe do Lloyd Brasileiro, foi construído na Inglaterra em 1907. Características: tonelagens bruta 3.351 e líquida 1.185; dimensões: 100,01 m. de comprimento, 13,24 m. de boca, 6,65 m. de pontal, 4,50 m. de calado médio e 918 toneladas de arqueação; 03 caldeiras, 3.514 cavalos de força e 97 tripulantes.

(3) O juiz Carlos Pereira da Silva entrara no exercício na Comarca de Itacoatiara em 1925, antecedendo no cargo de diretor do fórum ao juiz Marcílio Dias de Vasconcellos, e foi aposentado pelo Ato Estadual nº 33, de 14/11/1930, firmado pelo interventor federal Álvaro Botelho Maia (1893-1969).

(4) Isaac José Perez, judeu paraense, chegou a Itacoatiara no final do século XIX. À frente da Prefeitura do Município (1926/1930), desenvolveu uma atividade assombrosa na execução de melhoramentos urbanos imprescindíveis à completa remodelação da cidade. Também foram prefeitos de Itacoatiara, os acima nominados, Osório Alves da Fonseca (1944/1946) e Antônio de Araújo Costa (1947/1952), e interventor federal o senhor Armindo Ausier (1966/1967).

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Washington Luís Pereira de Sousa

Período de Governo: 15/11/1926 a 24/10/1930

Advogado, nascido na cidade de Macaé/RJ, em 26/10/1869. Vereador (1897/1898) e prefeito municipal (1898/1900) de Batatais, deputado estadual (1904/1906), presidente do Estado de São Paulo (1920/1924) e senador (1925/1926). Eleito por eleição direta, em 01/03/1926, passou a exercer a Presidência da República em 15.11.1926. Deposto pela Revolução de 1930, em 24 de outubro, cumpriu exílio na Europa e nos Estados Unidos, retornando ao Brasil em 1947. Faleceu em São Paulo, aos 04/08/1957.

Durante a década de 1920, a chamada República Velha sofreu profundo desgaste devido às manifestações de oposição da classe média urbana, dos movimentos tenentista e operário e das oligarquias dissidentes. Logo no início de seu governo, chegou ao fim a Coluna Prestes, que com 620 homens entrou em território boliviano e, posteriormente, se dissolveu. O governo de Washington Luís não estava mais ameaçado pelas rebeliões tenentistas e pelo avanço do movimento operário; entretanto, para coibir novos movimentos de oposição, criou a Lei Celerada, em 1927, que impunha censura à imprensa e restringia o direito de reunião, levando para a clandestinidade o Partido Comunista Brasileiro, que havia sido reconhecido pelo governo no início do ano. A crise econômica mundial de 1929, deflagrada com a quebra da Bolsa de Nova York, em 24 de outubro, foi a maior na história do capitalismo, atingindo diversos países e paralisando suas atividades econômicas.

Os efeitos da crise no Brasil derrubaram a política de valorização do café, iniciada em 1906 com a assinatura do Convênio de Taubaté. Esse produto, que respondia por 70% das exportações do nosso País, teve seu preço diminuído no mercado internacional. A crise do café ameaçou a estabilidade do governo Washington de Luís que não permitiu a nova desvalorização da moeda, pleiteada pelos cafeicultores diante do desastre na Bolsa de Nova York. A vitória do candidato situacionista, Júlio Prestes (1882-1946), nas eleições presidenciais de 01/03/1930, foi contestada por suspeita de fraude. O assassinato de João Pessoa (1878-1930), presidente estadual da Paraíba e candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas (1882-1954), em 26/07/1930, foi um fato decisivo para o agravamento dos movimentos de oposição ao governo de Washington Luís, já desgastado pela crise do café. Reassumindo o governo do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas e outros políticos como Oswaldo Aranha (1894-1960) deram início à conspiração política que levou ao movimento de 03 de outubro, a Revolução de 1930, como ficou conhecido o episódio. O presidente Washington Luís foi deposto em 24 de outubro, pelos chefes das forças armadas, e assumiu o poder uma junta provisória de governo, composta pelos generais Tasso Fragoso (1869-1945) e Mena Barreto (1874-1933) e pelo almirante Isaías de Noronha (1873-1963).

Ao amanhecer do dia 20/07/1930, o navio Pará, depois de saudado por uma salva de foguetões no encontro das águas dos rios Negro e Solimões, foi escoltado por cerca de quinze navios, tendo como capitânia o “Inca”, e levado até o ancoradouro da Manáos Harbour. A bordo do “Inca” iam o presidente do Estado do Amazonas, Efigênio de Salles (5), o prefeito de Manaus Araújo Lima (6), o secretário geral do Estado, o chefe de Polícia, o comandante do 27º BC, o capitão do Porto, o presidente da Associação Comercial, outros agentes públicos e integrantes da imprensa. Nas demais embarcações seguiam familiares de autoridades, diretores de entidades de classe, chefes de repartições e populares.

No cais do porto de Manaus, onde o navio oficial ancorou às 08:00 horas, aguardavam o bispo diocesano dom Basílio Pereira (7), o presidente da Assembleia Legislativa deputado Monteiro de Souza (8), o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sá Peixoto (9), cônsules de países amigos, juízes, parlamentares estaduais, prefeitos e intendentes municipais, profissionais liberais e milhares de populares. Ao som do hino nacional, executado pela banda de música da Força Policial, saltou Washington Luís que, ladeado pelo presidente do Estado, foi saudado pelo prefeito municipal.

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(5) Efigênio Ferreira de Salles (1879-1939) – presidente do Estado (1926/1929), ainda foi deputado federal (1915/1926) e senador pelo Amazonas (1929/1930).

(6) José Francisco de Araújo Lima (1884-1945), além de ter sido prefeito de Manaus (1924/1929), foi deputado federal (1930).

(7) Dom frei Basílio Manuel Olímpio Pereira (1871-1948) – ordenado sacerdote na Bahia (27/10/1895), ingressou na ordem dos Franciscanos Menores em 17/11/1920. Nomeado 4º bispo da Diocese do Amazonas (01/05/1925), tomou posse em Manaus a 16/02/1926. Renunciou ao Bispado, sendo seu pedido de renúncia aceito pela Santa Sé em 28/03/1941.

(8) Antônio Monteiro de Souza (1872-1936) – diretor da Instrução Pública (1899/1903), foi ainda deputado federal (1909/1920, 1924/1925 e 1929/1930), deputado estadual e governador interino do Amazonas (1926/1927).

(9) Antônio Gonçalves Pereira de Sá Peixoto (1869-1948) – juiz federal substituto (1891/ 1893), superintendente de Manaus (1893/1894), deputado estadual (1897/1900 e 1908), deputado federal (1894/1896 e 1900/1905), senador (1904/1908), vice-governador (1908/ 1912) e governador interino (1910 e 1912). Tomou posse como desembargador em 22/12/1913 e presidiu o Superior Tribunal de Justiça do Estado em 1916, 1920 e 1923/1930.

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Durante sua permanência na capital amazonense, hospedado no Palácio Rio Negro, o presidente cumpriu uma pesada agenda, mas foi sempre prestigiado pelo povo. Junto ao chefe do governo estadual esteve estudando alternativas de solução para os gravíssimos problemas do Amazonas, especialmente as dívidas interna e externa e a indenização do Acre. Sem o socorro do governo federal seriam impossíveis o cumprimento das obrigações do Estado e a reabilitação de seus créditos. A situação do Acre, patrocinada pelo jurista e ex-presidente Epitácio Pessoa (1865-1942), estava pendente da decisão do Supremo Tribunal Federal. O descalabro financeiro tinha por origem os empréstimos externos de 1906, 1913 e 1915, a irresponsabilidade fiscal e o que resultara dos motins políticos de anos anteriores. No final de 1926 o montante dos compromissos estaduais ascenderia a quase 115 mil contos de réis, representando 80% do total das obrigações do Tesouro.

No almoço, na residência do jornalista Vicente Reis (10), reunindo em 21/07/1926 o presidente e seus ex-colegas de bancos escolares – o juiz de Itacoatiara Carlos Pereira da Silva, o desembargador Sá Peixoto e o próprio anfitrião – serviu para recordar, segundo o presidente do Tribunal de Justiça, que o saudou,

“… os tempos felizes e descuidosos da mocidade, cheios de sonho e ilusão [passados] entre antigos colegas da Academia, aqui residentes, e o velho companheiro da Paulicéia (…), o jovem acadêmico de outrora, cujas qualidades e virtudes o fizeram eminente, o consagrado estadista de hoje” (cf. “Jornal do Comércio”, de 22/07/1926).

Em resposta, Washington Luís agradeceu, demonstrando estar

“… emocionado pela carinhosa gentileza de seus antigos colegas [gesto] que jamais poderia esquecer [pois] os anos passavam, mas os afetos ficavam sempre como reflexo de uma era feliz” (cf. o mesmo jornal).

Esse feliz acontecimento foi documentado pelo fotógrafo Pablo Nóvoa e o cineasta Silvino Santos (11).

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(10) Vicente Torres da Silva Reis (1870-1947), jornalista, genitor do amazonólogo e ex-governador do Amazonas, Arthur Cézar Ferreira Reis (1906-1993). Em janeiro de 1906 comprou o “Jornal do Comércio”, fundado por Joaquim Rocha dos Santos (1851-1905), e o vendeu em 1943 à rede dos “Diários Associados”, de Assis Chateaubriand (1892-1968). Desde 1985 o centenário matutino amazonense pertence ao grupo empresarial do jornalista Guilherme Aluízio de Oliveira Silva.

(11) Silvino Santos (1886-1970), brasileiro de origem portuguesa, é, segundo Márcio Souza, “o cineasta do ciclo da borracha”.

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Na manhã de 22 de julho, o presidente visitou a Escola Normal de Manaus, oportunidade em que foi saudado pela aluna Erothides Rebello Vital, filha de Urucurituba, a qual anteriormente a 1925 atuara como professora substituta do grupo escolar “Coronel Cruz” de Itacoatiara, cidade onde há anos residia sua família. Dominando bem a escrita e a oratória, Erothides Vital mais tarde se destacaria no contexto cultural e do magistério público do Amazonas.

Finalmente, antes da meia-noite de 23, após homenageado no Ideal Clube, Washington Luís fez suas despedidas e, acompanhado de autoridades e grande multidão, dirigiu-se ao cais do porto de Manaus e embarcou no Pará rumando direto a Belém. Quatro meses depois assumiria o governo federal. Destituído da Presidência por um golpe de Estado, vinte e dois dias antes do término do prazo constitucional, tornou-se o último presidente da República Velha (1889/1930).

JUAREZ TÁVORA

O primeiro presidenciável a visitar Itacoatiara foi o então capitão do Exército Juarez Távora (1898-1975) – fato que registrei nas páginas 183/184 do livro Cronografia/2, acima citado. Juarez Távora desembarcou nesta cidade em meados de 1930, acompanhado do também militar e político paraense Magalhães Barata (1888-1959). Ambos haviam tomado parte das revoltas tenentistas de 1922 e 1924 e, ainda, participariam do movimento revolucionário de 1930 que conduziria Getúlio Vargas ao poder. No Exército brasileiro Juarez Távora alcançou o generalato, reformando-se como marechal. Candidato à Presidência da República, em 1955, foi derrotado por Juscelino Kubitschek (1902-1976). Deputado Federal em 1958, ministro da Viação e Obras Públicas e da Agricultura, na Era Vargas, e outra vez da Viação e Obras (1964/1967), no governo de Humberto de Alencar Castelo Branco (1897-1967).

No momento da chegada dos dois próceres getulistas, Itacoatiara estava sendo governada pelo senhor Abílio José Nery (1876-1963) e a Intendência (Câmara) Municipal era presidida por Antônio de Araújo Costa. Liderança das mais conservadoras no seio da Aliança Liberal, partido de oposição ao então presidente Washington Luís, e um dos políticos mais chegados a Getúlio Vargas, Juarez Távora, antes de aportar em nossa cidade passou por Belém e Santarém e, de Itacoatiara, dias depois ainda alcançaria Manaus. Vinha como delegado especial de Getúlio Vargas, justamente para explicar os motivos de sua candidatura à Presidência da República.

Com esse objetivo, reuniu-se com as autoridades itacoatiarenses no salão nobre da Prefeitura, situado no pavimento superior do Palacete Aquilino Barros, onde foi saudado pelo intendente Cassiano Secundo. Em sua fala, Juarez Távora informou que Getúlio Vargas defendia um regime presidencialista centrado no fortalecimento do Estado, de cunho nacionalista. Sua plataforma atribuía-lhe poderes para implantar uma política econômica eficiente, capaz de harmonizar o capital e o trabalho, e modernizar a máquina administrativa; a ordem era moralizar a vida política do País.

Cearense, de Jaguaribe-mirim, Juarez Távora foi uma figura legendária, “um conspirador em diversas etapas da vida política brasileira, ou um revolucionário, personagem e testemunha de grandes momentos militares que sacudiram o Brasil, a partir de 1922” (Jornal “O povo”, de Fortaleza/CE, 18/01/2000). Teve divergências com Luís Carlos Prestes (1898-1990) e Getúlio Vargas, dois líderes de quem foi companheiro e inimigo em fases diferentes de sua vida.
A propósito, escrevi em 1998:

A campanha eleitoral de 1929 permite a aglutinação da oposição dos três estados dissidentes (Minas, Rio Grande do Norte e Paraíba) e tenentistas revolucionários que tomam posição contra o candidato oficial, Júlio Prestes, e indicam o nome de Getúlio Vargas, inscrito pela legenda da Aliança Liberal. Mesmo perdendo as eleições, a oposição consegue insuflar o repúdio ao governo do presidente Washington Luís, repúdio que toma aspecto dramático, com o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente pela Aliança Liberal.

Em 03 de outubro de 1930 explode a revolução comandada por Getúlio Vargas. (…) No Nordeste, Juarez Távora, Juracy Magalhães (1905-2001) e outros militares assumiram o comando, controlando rapidamente a situação e descendo para Alagoas, Sergipe e Bahia. (…) O governo Washington Luís viu-se impotente diante da impetuosidade do avanço rebelde. (…) Consumada a tomada do poder federal, a 24/10/1930 assume a junta militar. A 1º de novembro, Getúlio Vargas chega ao Rio de Janeiro. No dia 03/11/1930, às 16:00 horas, os comandantes militares transmitem-lhe a chefia do governo (in Cronografia/2, citada, págs. 192/193).

A Revolução de 1930, através do decreto nº 19.398, de 11/11/1930, dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Intendências Municipais. A de Itacoatiara havia sido fechada, em 25/10/1930, pela Junta Governativa Revolucionária do Amazonas, e só voltaria a funcionar a partir de 20/12/1935. O prefeito Abílio José Nery, que assumira em 15/03/1930 substituindo a Isaac Perez, foi exonerado oito meses depois, aos 13/11/1930.

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