Manaus, 19 de março de 2024

Velha Serpa

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Anísio Mello*

À margem de um grande rio

repousa uma lembrança:

Velha Serpa encantada,

cidade onde nasci,

mirante do passado,

e velhas tradições

Eu fui o canoeiro que passou distante

sem poder aportar.

A correnteza da vida carregou-me

e eu fui levado ao léu,

rio abaixo,

na correnteza inclemente,

sem poder esquecer a Velha Serpa

das lendas e das tradições.

Da Velha Serpa que foste no passado,

cidade encantada do Rio-Mar,

ficaram tradições imorredouras

para a moderna Itacoatiara que hoje és.

Do teu cais, do teu rio,

os barrancos molhados,

trago comigo na festa da lembrança

a recordação perenal porque tu és

a cidade-mãe que me acolheu no berço.

Velha Serpa querida, Itacoatiara,

mostraste-me a luz primeira e o céu azul

e em teu solo recebi o beijo maternal

a vez primeira,

e o carinho das canções maternas,

entoadas com doçura.

Itacoatiara – Velha Serpa!

mirante do passado

e velhas tradições!

*Anísio Thaumaturgo Soriano de Mello (1927-2010).  Poeta e artista plástico itacoatiarense, membro da Academia Amazonense de Letras. Poema escrito em São Paulo a 28.03.1961, consta do livro Convite à Poesia, in memorian, Manaus, 2011. Orgulhava-se  muito de sua terra, daí que proclamava: “Sou um marupiara porque nasci em Itacoatiara.”

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