Manaus, 19 de março de 2024

Uma lenda da cidade I

Compartilhe nas redes:

Toda criança tem na infância um período de sonhos, devaneios e vontades que são idealizados em profusão em uma mente em formação, porque ainda não controla os pensamentos, agindo por pura emoção, segundo a educação que os pais ofereceram. É, a partir dos dois anos, que o ser humano começa a mostrar a propensão para o desenvolvimento das inteligências múltiplas, conforme Howard Gardner, PhD e professor de Psicologia na Universidade de Havard, em Cambridge, EUA, detentor de inúmeros prêmios internacionais, autor de mais de 30 livros e dezenas de artigos publicados a respeito. Foi influenciado por Piaget para aproximar-se dos estudos ligados as artes e a música, dedicando grande parte do tempo estudando tais ramos do conhecimento, para entender alguns aspectos da cognição.

Gardner no aprofundamento de suas pesquisas propôs a Teoria das Inteligência Múltiplas, em uma relação de oito de tipos, quais sejam: Inteligência linguística; Lógico-matemática; Espacial; Pictórica; Musical; Corporal-Cinestésica; Naturalista; Interpessoal e Intrapessoal. Porém acrescida pela Inteligência DWRI (Development of Wide Regional of Intelectual Interference), uma tradução livre para Desenvolvimento de Rede Regional de Interface Intelectual, descoberta pelo brasileiro Fabiano de Abreu, PhD, neurocientista, neuropsicólogo e jornalista com livros publicados e dezenas de artigos em periódicos da área científica. É membro da Federation of European Neuroscience e da Mensa Internacional, uma mesa onde todos são iguais, mas com Quociente Intelectual acima de 130.

Para entendermos essa questão técnicos educacionais deveriam aferir dados de um segmento da relação acima, contemplada na Lei nº 11.769 de 18.08.2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da disciplina Música para estudantes de escolas públicas, mas que as secretarias de educação estaduais não contemplam nos editais, vagas para estes profissionais. No entanto, a ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, registra que milhares de oportunidades poderiam ser preenchidas, se houvesse vontade política do Ministério da Educação. Sem dúvidas se essa prática fosse implementada seria um avanço para a saúde mental da infância e da adolescência brasileira, visto que estímulos cerebrais podem despertar áreas recônditas da massa encefálica humana, gerando profundas buscas da excelência discente. Tal habilidade, estatística e comprovadamente exercitada, estimula os dois hemisférios cerebrais preparando o homem para a resolução de problemas, buscando uma existência mais equilibrada e feliz na sociedade.

É na soma dos DNA’s de pais, que cada um de nós carrega um patrimônio genético comum a que chamamos de inteligência dominante, indicativo da hereditariedade herdada desde a ancestralidade, surgida, quando o ser humano está em forma embrionária. Refletindo sobre a acuidade ela nos leva a considerar o fenômeno do ouvido musical: expressão máxima que designa sensibilidade de cada um de nós para ler sons, identificando notas com ouvido absoluto muito fino, sem partitura prévia, tablatura ou instrumentos de onde quer que estejam sendo expostos. Já sabemos que o talento é moldado pelo aperfeiçoamento pelo treino, ou seja, pelo exercício contínuo, lapidando o que identificamos no interior da Amazônia ao que se assemelha ao termo autodidata, guiando o sucesso de quem quer experimentar e garantir doses de prazer e evolução espiritual.

Longe de ter consciência de si mesmas, as crianças ainda não têm idade para preocupar-se com o presente, muito menos com o futuro. Vivem com os amigos usufruindo a natureza amazônica, com regras elaboradas ali mesmo, ora tomando banho de rio, ora correndo pelos quintais recheados de frutíferas, institivamente exercitando as pupilas gustativas ao saborear, por exemplo, vinho de açaí, experimentar um caju e manga com sal; ora nas festas juninas se lambuzando com o aluá, destilados pelos avós em imenso alguidar cheio de cascas de abacaxi dormidas no gengibre que, fermentadas, produzia um gosto de infância, atrativos para abelhas e caba igreja, farejando com suas antenas, o peitoral e a barriga dos petizes, no esboço de grafismos verticais das nódoas macerado ao ceroto, desenhados no corpo pelo suor dos petizes.

É neste cenário multicor com cheiro de praia de rio, no marulhar do banzeiro e na brisa suave da floresta que nascem muitas lideranças amazônicas que, com a experiência no metier, são forjados em grandes talentos em todos os aspectos no centro amazônico, pois não existem políticas publicas que atendam a diversidade de remanescentes indígenas, quilombolas, dos ribeirinhos e da população que vive a margem da sociedade sem sonhos nas urbs., atormentadas pelo fracasso social da juventude que deveria ser olhada com maior zelo pelas autoridades, nas três esferas governamentais, em projetos que viabilizem a existência de cidadãos partícipes, saudáveis e felizes.

E assim nasceu a lenda que ao ouvir – talvez -, a grande quantidade de doceiros tocando seus realejos pela cidade para atrair freguesia para si, subindo ruas, caminhando pelas avenidas, ou então, descendo a rampa e vendendo as diversas guloseimas, obtendo recursos para auxiliar a família, que nosso personagem cresceu. Em primeiro lugar aprendeu em um realejo, começando a executar as primeiras notas e, como já solfejava bem, a mãe adquiriu uma gaita para ele e exercitando cada vez mais o aprendizado, já planejava ‘ganhar a vida’ nessa profissão… Aos 15, portanto, ainda de menor, um tio que era violinista e que o influenciara bastante lhe deu um violão de presente.

O artigo ‘Aqui jazz’ grandes saxofonistas publicados aqui mesmo neste portal, mostra as enormes dificuldades pelas quais passam os artistas interioranos, tanto para aprender quanto para executar suas obras já que não existem escolas de formação e as escolas estaduais não disponibilizarem a disciplina aos alunos, ainda. A ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical deveria uma executar uma ação junto a outras entidades do segmento e pressionar o Governo Federal a oferecer, legalmente Educação Musical de qualidade, inclusive para formar e informar estudantes e população sobre o conhecimento da Música Popular Brasileira, uma das mais importantes e belas do mundo, valorizando nossos valores.

A MBPA – a Música Popular Brasileira da Amazônia deve ser incentivada, já que a elite amazonense ainda não conseguiu visualizar e constituir um polo cultural que possa disseminar para o planeta todos os gêneros executados na floresta. A nossa música é em estilo rico, diverso e comprometido, diferenciando-se de outras regiões tupiniquins.  Ainda caminhamos com grandes dificuldades: parte dos empresários e governos engessam a economia criativa na burocracia da captação dos recursos para o desenvolvimento de projetos. A Cidade da Canção bem que poderá exercer esse papel, visto que já manteve uma escola de música de qualidade na década de 30, onde foram formados inúmeros músicos e instrumentistas, inclusive, virtuoses.

A época em que mais a cidade tornou-se conhecida e intelectualizada foi no período em que era cognominada como Principado de Itacoatiara, quando emergiu uma quantidade considerável de inteligências e líderes em profusão em quase todas as áreas e que pululavam em toda as direções. A Amazônia já prevê que algo aconteça no mundo da cultura itacoatiarense e quem sabe não floresça com sabor de primavera e a brisa fresca da manhã o Principado de Serpa tão desejado, em vista da abertura de editais de qualidade e riqueza de temas abordados, chamamento e publicidade de inscrição de projetos, uns em análises e outros em desenvolvimento no âmbito da região metropolitana da Velha Serpa. E que sem dúvidas, como case de sucesso, estão estimulando outros municípios de nossa região.

O artigo de hoje descreve a trajetória de um menino simples que nasceu na Colônia, bairro mais tradicional da terra, que aprendeu a ler o mundo pelas notas musicais. Tentem adivinhar, na outra segunda posto a resposta.

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques