Manaus, 18 de abril de 2024

Um Novo Modelo

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O modelo Zona Franca está extremamente desgastado, tanto do ponto de vista político (no bom sentido) como do ponto de vista do futuro econômico e os 50 anos a mais não vão se traduzir em desenvolvimento substantivo, continuando com a marca não desejável de apenas promover o crescimento econômico.

Pessoas com conhecimento restrito teimam em valorizar as expressões crescimento econômico e/ou desenvolvimento econômico sem saber que elas estão cientificamente desacreditadas desde a década de 1970 quando o economista brasileiro Celso Furtado escreveu que desenvolvimento econômico é uma ideia simplesmente irrealizável. Muitos outros pensadores mundialmente conhecidos, entre os quais os economistas Ignacy Sachs (polonês, naturalizado francês), o indiano Amartya Sen (Prêmio Nobel de Economia) e o filósofo húngaro István Mézáros vêm demonstrando que nenhum modelo de crescimento econômico inclui um modelo de desenvolvimento humano.

 

MAIS 50 ANOS DE AGONIA.

A Zona Franca implantada sob o modelo de Empresas Coloniais instalou uma economia de enclave e por isso seu prazo pode ser prorrogado até por 50 séculos que não vai resolver os graves problemas que subtraem o direito inalienável da liberdade e igualdade substantiva a que tem direito todos os seres humanos que aqui vivem. Além disso, é evidente que Estados com economia mais forte e parlamentares teoricamente melhor qualificados vão desgastar o modelo comendo pelas beiras, como se dizia em priscas eras. Um dos primeiros setores a ser atingido é o de bicicletas que alguns estados reivindicam com o argumento de que esses veículos favorecem a saúde humana e o meio ambiente, isto é, a constitucional qualidade de vida. Logo depois da copa o vale de lágrimas vai vir da indústria de TV que perderá espaço e não conseguirá atingir o mercado internacional por falta de demanda e competividade.

 

O ENGODO DO DESMATAMENTO.

O argumento da preservação da floresta também vai ser desmoralizado, pois já ultrapassamos em 298,44 km2 os tais 98% ufanisticamente alardeados. E, evidentemente, os “cupins” vão continuar desflorestando porque a fome ruralista é grande e há rumores do envolvimento de um ex-presidente no comércio internacional de madeira.

 

UM NOVO MODELO.

Para o desenvolvimento substantivo do Amazonas (sem adjetivação) é necessário elaborar um Programa de Estado assentado em um documento politico (no bom sentido) formatado por uma comissão interdisciplinar (transdisciplinar) de altíssimo nível científico com conhecimento denso sobre os recursos naturais da região e seus ecossistemas. Esse primeiro documento – livre da influência politica (no mau sentido) – além de definir para onde deve crescer a economia, deve consolidar os fundamentos teóricos de uma filosofia de desenvolvimento que deve ser a semente de uma Agenda de Desenvolvimento a ser discutida com a sociedade, para estabelecer as metas (pétreas) e prazos pouco flexíveis para o uso biotecnológico da biodiversidade, o único nicho de mercado internacional onde não temos competidores.

E por causa da distribuição heterogênea das espécies, devem ser implantados polos de bioindústrias estrategicamente situados em várias áreas do Estado com a formação de “clusters” (e não cadeia produtiva) que devem progressivamente agregar valor desde o ponto de coleta até a ponta biotecnológica. O cerne desse modelo deve ser o Centro de Biotecnologia totalmente livre da influência político-partidária, onde serão realizados, principalmente, os projetos prioritários de pesquisa financiados pelo setor público. A logística de transporte precisa inserir os modernos dirigíveis, cujo custo econômico e ambiental é muito menor que o transporte fluvial e rodoviário. Sem esse novo caminho a economia vai continuar produzindo desruralizados, o PIB se manterá concentrado e escondendo muito mais do que revelando a realidade humana, com essa desigualdade se espraiando pelos índices IDH-M e IDEB que não vao melhorar apenas com a construção de obras de “infraestrutura” (sic). Dois princípios básicos essenciais: 1) “governar não é obrar”; 2) o Amazonas não pode deixar de usar racionalmente suas riquezas naturais que podem ser o limite entre a vida e a morte. Ninguém deve duvidar que as nações econômica e belicamente mais fortes intervirão pacífica ou violentamente para se apoderar de nossas matrizes da vida. E de nossa água.

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