Manaus, 28 de março de 2024

Tenores do Brasil

Compartilhe nas redes:

“O majestoso Teatro Amazonas ao tempo dos seus 125 de inauguração foi brindado com a décima edição do Encontro de Tenores do Brasil.

Há dez anos, precisamente, um jovem artista amazonense concebeu, com apoio de poucos amigos, projeto muito especial que visava reunir no palco do Teatro Amazonas, para apresentação única, tenores brasileiros, ao modo do que fizeram os maiores nomes do canto lírico contemporâneo em algumas ocasiões: Pavarotti, Carreras e Plácido Domingo, pelas bandas europeias, em teatros e em praça pública.

O que parecia sonho impossível em uma noite de verão, se concretizou e foram reunidos artistas de qualidade em evento ainda um pouco tímido em sua organização e difusão, em sua primeira edição, mas, ao mesmo tempo, alcançando sucesso e servindo para demonstrar a capacidade de realização e de articulação de apoios de seu idealizador.

Ao passar do tempo, de forma persistente, experimentando meios e fórmulas, ampliando relações e conhecimento, movimento melhor a produção e os bastidores de um evento desse porte e significado, a programação tornou-se ainda mais audaciosa e pertinente, naturalmente com o objetivo de evidenciar a capacidade e competências técnicas dos artistas, assim como insistir na continuidade de manutenção do interesse do público nesse tipo de espetáculo, o que sempre obteve resposta positiva crescente, a partir de 1997 quando o Tetro retomou esse nível de apresentações.

Eis que, este ano, passada a fase mais aguda e sofrida da pandemia que nos fez sangrar a todos, de dor e saudade, angústia e incerteza, o majestoso Teatro Amazonas ao tempo dos seus 125 de inauguração foi brindado com a décima edição do Encontro de Tenores do Brasil, grandemente enriquecido com a orquestra Amazonas Filarmônica e Coral do Amazonas, corpos estáveis dessa casa de espetáculos, reconhecidos nacional e internacionalmente pelo alto nível de qualidade artística. Em cena, entre elegantes, sóbrios e descontraídos, Lucas Melo, Wilken Silveira, Roney Calazans, Marcelo Vannucci e Miqueias Fernandes, em par com Dhjana Nobre – posturas e vozes aprumadas e bem cuidadas,

alinhando-se com a juventude e entusiasmo de Izabelle Ribeiro e David Lucas, talentos em flor de muita promessa de futuro e encantamento no presente.

Para dirigir a notável e emocionante apresentação, o privilégio da presença do maestro Luiz Fernando Malheiro, a quem o Amazonas muito deve no campo da opera, da música de concerto e da abertura de relações no país e no exterior para que se pudesse dar continuidade e valorização crescente e expressiva ao Festival Amazonas de Opera. Aliás, na cochia e na preparação vocal, por certo, outros grandes profissionais foram presentes e determinados para que o evento tivesse a beleza que o caracterizou.

Como sempre, ou mais ainda do que em outras ocasiões, a magia de apresentar-se no teatromonumento símbolo de uma época de ouro ultrapassando as dores que carregam pelo silêncio do último ano, parece que brotaram dos corações de todos os artistas muito mais do que o conhecimento e a técnica, mas os próprios corações pulsando emocionados como nunca dantes se pode ver, ouvir e sentir.

Nesse momento então, nada mais justo e verdadeiro do que celebrar a audácia, a persistência e a determinação de Miquéias Fernandes, tenor amazonense de novíssima geração a qual pude acompanhar e ver brotar com o valor incomensurável de experimentar o belo do belo, e dar ao teatro que é o símbolo de nossa terra, a ocupação artística mais nobre para a qual ele foi edificado com sacrifício de muitos operários ao peso de milhões de libras esterlinas.

Bendito sejas!

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques