Manaus, 20 de abril de 2024

Schadenfreude

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Schadenfreude é um termo alemão que não tem um correspondente preciso em Português. Significa a satisfação de alguém com o infortúnio alheio. Não deixa de ser um prazer perverso.

Não sou grande conhecedor do idioma alemão. Segundo um amigo brasiliense que visita Munique com frequência, a palavra “Schaden” quer dizer “dano, prejuízo” e “Freude” significa “alegria, prazer”.

Explicou-me ainda que existe a schadenfreude discreta. É quando esse sentimento de certa forma ruim e malvado restringe-se ao foro íntimo e pessoal. Já a schadenfreude pública é compreendida como aquele em que o sujeito se expressa abertamente.

Parece que nós brasileiros estamos vendo isso com certa frequência. Há muita gente demostrando escárnio, ironia ou sarcasmo perante a desventura sofrida por um terceiro.

Ouve-se com muita frequência alguém dizer “bem feito”. “Bem merecido”.

Há um provérbio que diz que “a vingança é um prato que se come frio”. Penso que é uma situação um pouco distinta do sentimento de “schadenfreude”. Parece-me que neste caso não há, por parte de quem expressa tal sentimento, a necessidade de se vingar, mas o prazer no infortúnio do outro.

Conversando sobre o assunto com meu amigo Dr. Chaguinhas, ele me disse que a vingança não é um prato que se come frio. Ao contrário, e me explica:

– Não entendo a vingança como um prato que se come frio. Para mim a vingança também não tem gosto de prato requentado. A vingança é para ser sorvida como um delicioso vinho. Servida na melhor taça de cristal da boêmia. Vinho para ser engarrafado na data do desafeto. A ser guardado em nossa adega de rancores. E quando chegar o grande dia, o dia da desgraça alheia, estouramos a rolha. E, obviamente, antes de beber podemos nos banhar com parte do vinho, lavando a alma.

Discordo do meu amigo Chaguinhas. Como cristão devemos exercer o perdão. Mas às vezes é difícil esquecer.  Os franceses dizem: “Pardonner on pardonne, mais oublier jamais”. Realmente, perdoar se perdoa, mas esquecer é impossível. Quanto ao “schadenfreude”, só mesmo o povo alemão para criar uma palavra com essa precisão linguística.

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