Manaus, 28 de março de 2024

Prelazia de Itacoatiara, AM. 13/07/1963

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Padre Celestino Ceretta
  *Padre Celestino Ceretta

A Prelazia de Itacoatiara foi criada a 13/07/1963 pelo Papa Paulo VI juntamente com Borba e Coari. Itacoatiara foi desmembrada da Arquidiocese de Manaus e foi confiada aos Padres da Sociedade de Scarboro para as Missões Estrangeiras, sediada no Canadá.

Foram prelados de Itacoatiara:

Pe. Francisco Paulo McHugh SFM, 1965-1967, Bispo 1967-1972.

Dom João de Souza Lima, 1971-1975, Administrador Apostólico.

Pe. Jorge Edward Marskell SFM, 1975-1978 e, como Bispo Prelado, de 1978-1998.

Dom Carillo Gritti, nasc. 12/05/1942 em Martinengo, Itália. Ord. 24/06/1967, Bispo Prelado de Itacoatiara             05/01/2000. Sagração 19/03/2000.

A povoação que terminou formando a cidade de Itacoatiara sempre foi importante ponto de passagem e apoio aos viajantes que subiam e desciam os três grandes rios que formam o Amazonas; esta importância foi crescendo até hoje.

Logo após a criação da Diocese do Amazonas o Governo reconheceu como próprio da Igreja de Itacoatiara somente a Igreja matriz local, segundo o acordo de separação entre Igreja e Estado.

Para compreender melhor a mobilidade das informações diz Francisco Gomes da Silva: Desde 23 de abril de 1896 o município já contava com serviço telegráfico submerso, facilitando a comunicação com as cidades de Manaus e Belém, sul do país, América do Norte e países da Europa. (SILVA, 1999, pg. 137). Itacoatiara contava com forte comércio e indústria extrativista rivalizando com Manaus, Santarém e Belém; houve momentos em que o comércio de Itacoatiara pagava melhor os produtos da selva do que Manaus.

A Igreja de N. S. do Rosário de Itacoatiara abrigava uma comunidade muito ativa, tanto assim que havia até uma Orquestra Religiosa dirigida por Jesuíno da Costa Fonseca. Foi na época em que o primeiro bispo do Amazonas Dom José Lourenço da Costa Aguiar visitou aquela paróquia.

Consta que de abril de 1903 até fevereiro de 1904 foram realizados quinze casamentos dos Muras, naquele tempo era pároco Pe. Manuel Florêncio da Costa o qual retornou como pároco entre 1908 e 1910. Também consta que o Pe. Manuel Florêncio, muito ligado ao povo interiorano, Por se insurgir contra os desmandos dos coronéis da época e resistir à política do grupo liderado pelo superintendente municipal João Pereira Barbosa, o vigário passou a sofrer na própria pele as consequências de sua atuação oposicionista, diz Gomes da Silva. O mesmo autor relata que o Pe. Florêncio se viu obrigado a fugir da cidade, auxiliado por um norte-americano e um espanhol. Posteriormente retornou a Itacoatiara na gestão de outro intendente e já não mais como padre, mas como político. É bom recordar que na época os intendentes acumulavam o poder policial ou se arrogavam este direito. Ainda sobre o Pe. Florêncio, Monsenhor Alcides Peixoto afirma que o dito padre ficou preso por três meses; os documentos relativos ao exercício do Pe. Florêncio na Paróquia sumiram; estes dados foram encontrados em outras fontes.

O seguinte pároco da Igreja de N. S. do Rosário foi o Pe. Joaquim Pereira, português de Leiria, veio ao Brasil como exilado pela proclamação da República acompanhada de perseguições naquele país. Veio trabalhar no Amazonas a convite do monsenhor Hipólito Costa, estando vaga a paróquia de Itacoatiara foi designado temporariamente para o cargo que ocupou o resto de sua vida. Em Itacoatiara foi recebido em festa e depois nomeado Vigário por Dom Frederico B. Costa, o encargo estenda o atendimento inclusive às paróquias de Silves e Urucará. Em sua última visita iniciada a 06 de julho de 1913 Dom Frederico B. Costa fundou o Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus, cumprindo promessa antes de seguir a Roma. Nesta oportunidade permaneceu quinze dias ministrando os sacramentos em Itacoatiara e municípios próximos. Era costume fazer uma preparação prévia ao público alvo dos sacramentos; uma doutrinação.

Quando o Pe. Joaquim Pereira assumiu Itacoatiara, em 1911, as Irmãs Franciscanas abriram um colégio onde ministravam o curso elementar e também prendas, catecismo e piano; a escola funcionou até 1915. As irmãs se retiraram de Itacoatiara, amedrontadas pelo vandalismo acometido contra sua escola. Em anotações de Monsenhor Alcides Peixoto as irmãs eram alemãs. Era o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Alemanha era considerada vilã, por isto o povo daquele país era mal visto em toda a parte, como essencialmente mau. Por isto as irmãs franciscanas alemãs que vieram ajudar o povo da Velha Serpa se desenvolver, foram expulsas por influência de pessoas incapazes de distinguir as pessoas e sobretudo as atitudes… ou teriam sido outros interesses? Coisa semelhante aconteceu em Boa Vista, RR, com os beneditinos dez anos depois.

A religião católica do fim do século dezenove e início do século vinte, ficou concentrada nas funções presbiteriais, os sacramentos. Os padres ficavam ocupados nestas funções enquanto isto o povo foi descobrindo novas expressões religiosas próprias do modo que sabia fazer. Haviam aprendido dos últimos missionários as ladainhas e o Ofício Divino, este mais complicado, ficou restrito às festas dos santos famosos, onde havia grupo mais preparado. Para os eventos mais familiares ou localizados, restaram as ladainhas tiradas por pessoas práticas. Francisco Gomes da Silva em “A Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Itacoatiara” nos descreve melhor sobre isto:

Enraizado na cidade e no interior, este costume religioso-profano prosperou muito tempo. Realizadas nas casas onde eram tiradas as ladainhas, as tradicionais rezas atraiam grandes levas de populares. Só após a chegada em nossa cidade dos padres canadenses de Scarboro e graças à orientação do Concílio Vaticano II, tais atos foram radicalmente modificados, tendo o falecido bispo dom Jorge Marskell sido o iniciador das comunidades cristãs nos moldes modernos. As festas dançantes no interior do município eram realizadas sobretudo no mês de junho ou nas datas de realização de ‘promessas’. Juntavam-se dez ou doze moradores para a construção das ramadas – casas de danças cobertas de palhas de inajá, de chão batido, cercadas de varas. Instrumentos sonoros mais utilizados na ocasião: violão, cavaquinho, pandeiro, violino, maracá e tambor. Às vezes, chegados da cidade, eram usados saxofone e a sanfona. As ladainhas começavam às sete da noite. Após uma hora, geralmente a partir das oito, tinha início o arrasta-pé que se prolongava até o amanhecer do dia seguinte. (SILVA, 1999, pg. 147).

Tomamos esta descrição por ser de uso e costume geral em festas interioranas do Amazonas; mesmo nas festas onde o padre atendia, o povo queria ter sua vez de partilhar, o arrasta-pé era oportuno. O mesmo autor acima referido nos confirma que “Por determinação do vigário-geral e governador do Bispado do Amazonas, monsenhor Anthero José de Lima, foi proibida formalmente ‘tão irreverente prática’”. O mesmo autor, filho da terra, afirma que mesmo assim a prática continuou.

Talvez seja este um elo que faz o povo se sentir tão à vontade por ocasião do abraço da paz nas celebrações de missas; é sua única vez de expressar sua participação.

A propósito das festas populares, pode-se dizer que as festas dos santos eram de domínio comum por isto marcavam as datas, a função religiosa justificava o encontro. Porém, a necessidade básica do convívio social para o povo dissolvido em grandes distâncias exercia função fundamental e as noites dançantes vinham suprir parcialmente o isolamento sofrido durante o ano. Ainda hoje, nas grandes festas dos santos, onde é celebrada a novena preparatória, o tempo e o espaço nas redondezas de onde se encontra o santo se transformam em comércio e mercado. Ali o povo que vive isolado pode encontrar produtos de suas necessidades ou caprichos, nem sempre de boa qualidade. As novenas, em que pese as bebedeiras, são momentos necessários para o povo se sentir integrado, encontrar conhecidos e desconhecidos e desta forma ampliar o seu mundo.

Esta era a Igreja povo que o Pe. Joaquim Pereira encontrou; a Igreja organização era consequência do povo que a constituía. Diz Francisco Gomes da Silva que: “Ao tomar posse da Paróquia, Pe. Joaquim Pereira encontrou uma ‘uma igreja tão pobre, tão abandonada’”.Corria a fama de ser Itacoatiara formada por povo fortemente católico. No entanto, diz o autor que a Igreja era do estilo do tempo colonial amazonense, havia até um cálice do tempo do Dom João VI. Como nas melhores igrejas coloniais amazônicas havia três altares com três imagens em mísero estado, oito castiçais e quatro toalhas; era tudo.

As dificuldades encontradas pelos vigários anteriores quase fizeram o Pe. Pereira desanimar. Havia assumido a paróquia no sábado, no domingo após a homilia avaliou a situação com o povo e convidou o povo a colaborar nas melhorias necessárias para deixar a Igreja com a dignidade que exigem as circunstâncias. As dificuldades eram mais amplas; ao Pe. Pereira foram entregues as freguesias de Borba (em 1916 até 1936), Urucará, Silves e Urucurituba, em 1937 foi designado para atender também Manicoré. Atendendo toda a região era obrigado a ausentar-se de Itacoatiara por muito tempo em desobrigas e ministrando os sacramentos, o que lhe ocupava de oito a nove meses por ano. No início o transporte era feito em canoa a remo dirigida por ele mesmo. Os tempos melhoraram e Pe. Pereira conseguiu uma canoa com um motor de centro a querosene, porém sem toldo, algumas vezes era auxiliado por vizinhos. A exposição ao sol, reflexo da água e alimentação improvisada teria acelerado a cegueira do Pe. Pereira.

Graças ao seu bom estilo de escrever no jornal Correio de Serpa conseguiu colaboradores. Em 1913 se instalou na cidade a Primeira Igreja Batista de Itacoatiara de origem norte-americana de cunho anti-católico e polêmico, típico da época, o Pe. Pereira não estava habituado ao ecumenismo muito menos aos oponentes. Mais outra dificuldade foi tomando vulto, a maçonaria, formada em geral por católicos que buscavam outra organização e modo de pensar, racionalista e republicano, foi criando distanciamento entre católicos e maçons; demoraram a tomar espaços porque estavam divididos em dois grupos. Os maçons eram proibidos de participação na igreja como no caso de ser padrinhos de batismo. Havia distanciamento, mas não confrontos maiores. Apareceram também os terreiros de macumba nas periferias de Itacoatiara o que levantava também discussões e perseguição por causa do feitichismo e dos despachos que visavam intervir na vontade alheia.

Para Itacoatiara foi positiva a indicação do Papa Pio X, fixando o dia 7 de outubro como festa do Santíssimo Rosário. O povo foi aderindo à oração do Rosário, incentivada com a chegada de colonos católicos espanhóis e italianos, sírio-libaneses e judeus.

A festa de N. S. do Rosário era celebrada no primeiro domingo de outubro em Itacoatiara até 1946 quando, por ordem da diocese de Manaus passou a ser no dia de Todos os Santos – 1º de novembro.

Em 1919 a família do Sr. Joaquim Gonçalves de Lima Verde levantou a capela de S. Francisco em Itacoatiara em cumprimento a promessa feita.

A Igreja do Rosário de Itacoatiara necessitava de ser substituída em sua estrutura física já deteriorada; Dom Irineu Joffily, porém, foi nomeado para Belém e deste modo tudo ficou como estava. O novo Bispo de Manaus, Dom Basílio Manuel Olímpio Pereira, ao assumir a diocese fez uma viagem a Itacoatiara e municípios vizinhos, de 24 de outubro a 02 de novembro de 1925. Observando a necessidade urgente de levantar nova construção para a igreja local organizou uma comissão presidida pelo vigário local mais os possíveis integrantes: Américo Peixoto, Osório Alves de Fonseca e Antônio Araújo Costa. As tratativas andaram e a nova igreja começou a ser levantada entre 1926 e 1927, num terreno doado por Josephina Stone Martins; envolveu-se o prefeito Isaac José Perez e conseguiu do presidente do Estado do Amazonas, doutor Ephigênio Ferreira Salles, dinheiro para o início das obras. O povo de Itacoatiara assumiu a obra juntamente com o Pe. Joaquim Pereira.

A obra não foi fácil porque ainda em 1929 consta que Dom Basílio celebrou na velha igreja de N. S. do Rosário. Esta construção de taipa não aguentou o inverno de 1930 quando ruiu a parede dos fundos da igreja velha, foram salvos os santos e alfaias em casas particulares. O povo se mobilizou e as celebrações foram suspensas. Pe. Joaquim Pereira liderava os ânimos; o cimento era comprado em Manaus, as pedras e areia nas redondezas, os tijolos fabricados no Bairro da Colônia e transportados de embarcações ou carros a tração animal; jovens e velhos, abastados e pobres ajudavam cada qual na sua possibilidade. Em 1931 as paredes estavam levantadas por improvisados pedreiros a comando dos “mestres” Eustáquio e Paulo. Os cultos e sacramentos eram realizados no interior da nova construção ainda ao relento. Em 1934 foi demolida a Igreja velha e a nova recebeu a cobertura. Na época as telhas somente eram fabricadas em Belém ou Tefé. Em 1936 já com um altar improvisado as imagens entraram na nova Igreja. Em 1937 estava pronto o altar-mor. O forro foi aplicado em 1944 pelo português Antônio da Silva Arozo, tendo como auxiliar Martinho Maria Alves.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário assim construída foi inaugurada por Dom João da Mata Andrade e Amaral a 1º de novembro de 1946 na festa da padroeira.

Diz Francisco Gomes da Silva: “Muitos vultos históricos de nossa cidade foram testemunhas oculares dos acontecimentos aqui sintetizados. Emocionados, alguns falaram de verdadeira epopeia”. (SILVA, 1999, pg. 160). Se havia problemas a enfrentar também havia pessoas interessadas em fazer a comunidade católica crescer; famílias que contribuíram e continuam contribuindo com seu serviço à Igreja, mesmo que não mais em Itacoatiara. A família Peixoto estava envolvida na organização, na catequese, dela saiu uma filha religiosa, Irmã Maria do Carmo Albuquerque Peixoto um filho monsenhor Alcides Peixoto de saudosa memória, e outras famílias que geraram agentes de pastoral atuantes ainda hoje.

A Igreja de N. S. do Rosário deu a Itacoatiara um inegável toque de dignidade que passou a congregar o povo; mesmo os cidadãos de outras denominações religiosas colaboraram e perceberam a importância e solidez da fé plantada na margem do rio Amazonas a testemunhar a crença, unidade e dignidade do seu povo. Não é uma importante obra de arte e sim a expressão carinhosa de um povo e de uma época.

A 16 de abril de 1941 chegou o Pe. Alcides de Albuquerque Peixoto, recém ordenado no Maranhão, onde fora se formar. No dia 20 de abril celebrou sua primeira missa solene na nova igreja em construção; o povo se fez presente em massa, em seguida foi nomeado vigário coadjutor da Paróquia, pelo vigário capitular, monsenhor Manuel Monteiro da Silva.

Com o padre novo atendendo a região interiorana e municípios vizinhos ficando até 8 meses neste mister, o Pe. Joaquim Pereira, já limitado pela cegueira que aumentava foi se mantendo em atividade até o fim de sua vida, quando era conduzido por um sobrinho vindo de Portugal para servir de guia e de sacristão. Após a morte do Pe. Pereira o sobrinho Guilherme Matos vendeu os bens recebidos do tio e voltou à sua terra.

Por ocasião do Congresso Eucarístico comemorativo do cinquentenário da Diocese do Amazonas, em 08/07/1942, ao passar por Itacoatiara a comitiva do Cardeal Massela, Núncio Apostólico, foi recebida pelo padre Alcides Peixoto e pelo prefeito municipal em exercício, Gregoriano Magalhães Ausier; estavam ausentes o pároco e o Prefeito. O Núncio Apostólico celebrou ato litúrgico na Igreja de N. S. do Rosário depois seguiu ao Rio de Janeiro.

Dom João da Mata Andrade e Amaral visitou a paróquia de Itacoatiara de 27 de janeiro a 18 de fevereiro de 1943, ocasião em que incluiu Urucurituba, Urucará, Itapiranga e Silves em suas atenções; nesta ocasião incentivou a fundação de um colégio para meninas, projeto concluído cinco anos depois. A segunda visita de Dom João da Mata foi em novembro de 1946, esta segunda presença foi por ocasião da inauguração da Igreja de N. S. do Rosário.

Em dezembro de 1949 a Paróquia de N. S. do Rosário recebeu a visita de Dom Alberto Gaudêncio Ramos, homem culto e pastoralmente zeloso, cuidou especialmente da formação da juventude e nela, a Ação Católica.

A Ação Católica também ocupou lugar importante na vida da igreja local, onde os problemas familiares, cívicos e sociais eram resolvidos por associações e ligas assistidas pelos padres.

No dia 02 de fevereiro de 1951 foi inaugurado o Colégio Nossa Senhora do Rosário de Fátima, obra das irmãs de Santa Dorotéia, era uma das aspirações do povo. Este estabelecimento funcionava em regime de semi-internato para melhor atender a demanda regional, deste modo ajudou resgatar e promover as jovens da cidade e do interior, abrindo oportunidade de formação do magistério regional; alimentando as pequenas escolas interioranas com pessoas capacitadas. Além disso, projetou pessoas que tiveram naquela escola a oportunidade de iniciar influente carreira pública, social e intelectual. A escola iniciou sob a direção da Irmã Maria Rita de Cássia Dias, posteriormente assumiram a direção Irmã Maria José Pereira e depois Irmã Maria Dantas e Irmã Odisseia Damasceno.

O colégio mais tarde passou a ser dirigido pelas Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue.

No mês de outubro de 1952 durante dez dias os padres redentoristas, João Maria e José Maria, Geraldo e Eduardo, pregaram as Santas Missões em Itacoatiara com resultados animadores. Naquele ano o povo local solicitou, e conseguiu o terreno, e, também, deu início à construção da capela de N. S. de Nazaré. De modo similar havia feito, em 1949, o povo da Colônia quando iniciou a construção da capela do Divino Espírito Santo. As Santas Missões voltaram acontecer em 1958 com grande participação popular.

A chegada da imagem de N. S. de Fátima a Itacoatiara em 1953 foi marcante. Naquele ano a enchente foi extraordinariamente grande e deslocou muita gente do interior para a cidade de Itacoatiara dificultando a organização.

A 22 de abril de 1956 o padre Alcides Peixoto assumiu a direção da Paróquia N. S. do Rosário devido à precariedade da saúde do Pe. Joaquim Pereira. O Pe. Alcides Peixoto recebeu como auxiliares os padres Bernardo Martins Lindoso (1956-1957), Jorge Andrade Normando (1957-1958) e Francisco da Silveira Pinto (1958-1962).

Em 1957 Dom Alberto Gaudêncio Ramos faz outra visita a Itacoatiara, na época a cidade aumentava exageradamente a população, o Sr. Bispo animou a formação das Conferências Vicentinas, Juventude Operária Católica, da Congregação Mariana e a formação de centros catequéticos. Na época já funcionava na cidade a Pia União das Filhas de Maria, Apostolado da Oração, JEC, Juventude Independente Católica e Obras das Vocações. Já estavam em andamento as capelas do Divino Espírito Santo e N. S. de Nazaré e se formaram as capelas de São Francisco e de Santa Luzia.

Ainda em 1957, Itacoatiara teve oportunidade de se despedir de Dom Alberto Gaudêncio ramos que seguia viagem a Belém para onde fora nomeado novo Arcebispo.

Em Itacoatiara havia certa aproximação e entendimento entre a Paróquia e o Pastor Darciso Medeiros, da Igreja Batista, eram passos que abriam espaço ao ecumenismo tão almejado pelas igrejas históricas.

Em 1958 Itacoatiara recebeu a visita de Dom João de Souza Lima, novo Arcebispo de Manaus. A visita coincidiu com a morte de Pio XII e eleição de João XXIII. Este novo papa conhecia os problemas do mundo e por isso convocou os países de maior posse, chamados então de “Primeiro Mundo”, a assumirem missões nos Países subdesenvolvidos e chamados de “Terceiro Mundo”, no sentido de levar juntamente com o Evangelho soluções para superar a miséria.

Atentos ao convite os membros da sociedade “Scarboro Foreign Mission Society”, com sede no Canadá, assumiram a região de Itacoatiara em regime missionário. A 17 de novembro de 1960 chegaram os diretores da sociedade Scarboro, Pe. Francisco Diamont e João Mc Iver, para avaliar a realidade eclesial que iam assumir.

Pe. Alcides de Albuquerque Peixoto esteve à frente da paróquia de Itacoatiara até a chegada dos padres canadenses de Scarboro a 1º de agosto de 1962.

A Prelazia

João XXIII convocou o Concílio Vaticano II com a intenção de reconduzir a Igreja à fisionomia instituída por Jesus Cristo e configurá-la para o mundo atual, para que, assim, a mensagem de Jesus fosse entendida pelos homens e mulheres atuais. O Concílio Vaticano II começou a 11 de outubro de 1962 e terminou a 08 de dezembro de 1968 já no pontificado de Paulo VI. Junto com o Concílio Vaticano II surgiram muitas iniciativas eclesiais transformadoras como seja na liturgia, na pregação e no próprio modo conceitual da Igreja. Na liturgia a língua para as celebrações passou a ser a língua usada pelo povo (vernáculo) e o celebrante passou a estar de frente para o povo, não mais de costas. Na pregação a base doutrinal é o evangelho e as escrituras e não tanto os conceitos teológicos. Na identidade eclesial a Igreja passou a ser Povo de Deus e caminho, santo e pecador, e não mais o perfeccionismo de Corpo Místico de Cristo.

Estas mudanças abriram espaço para uma renovada reflexão teológica. Na América Latina esta reflexão retomou as reivindicações dos profetas ajustando a mensagem da Palavra de Deus com as necessidades transformadoras da sociedade em desenvolvimento. Se há uma preferência evangélica esta recai sobre os mais necessitados conforme recomendações de Jesus Cristo.

A 31 de julho de 1962 Dom João de Souza Lima nomeou o novo pároco de Itacoatiara, Pe. Francisco Paulo McHugh e como cooperadores Pe. Douglas Mackinnon, Pe. Vicente Daniel, Miguel O’Kane e Jorge Marskell, e no dia primeiro de agosto o Pe. Alcides Peixoto e seu auxiliar Pe. Francisco da Silveira Pinto entregaram a paróquia aos cuidados dos missionários canadenses.

Continua na próxima semana…

*Padre Celestino Ceretta é gaúcho da cidade de Sobradinho. Ordenado em 1972, está na Amazônia desde 1977. Texto retirado do livro de sua autoria “História da Igreja na Amazônia Central”, 2º volume, Editora Pallotti, Santa Maria/RS, 2014.

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