Manaus, 29 de março de 2024

Preconceito inaceitável

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A chegada do “verãozão” acrescenta preconceitos contra o clima amazônico. Das atras alguem (com cara de caá-boc) me disse que o problema renal de uma conhecida minha é decorrência do calor e eu perguntei se nos países frios alguem sofre com esse problema e a resposta foi um riso sem graca. Para refletir lembro que a temperatura do corpo humano é de mais ou menos 36,7 graus centígrados e em Manaus, quando muito, na sombra pode chegar aos 39 graus isto é 2,3 graus acima do corpo humano. Normalmente no verão a temperatura aqui é 37-38 graus isto é, 0,3 – 1,3 graus acima da temperatura corporal. E não me venham com essa de umidade relativa, pois tempo seco significa perda de água do corpo para o meio.

REFLETIR É PRECISO

Em São Paulo, p. ex., uma temperatura no de 10 graus, no inverno, significa 26,7 graus abaixo da temperatura corporal. Estive no norte da Alemanha e lá estava 10 graus abaixo de zero (46,7 graus de diferença) e lá como no Brasil, quando está frio, todo mundo procura um lugar quentinho. Não precisa ser físico nem matemático para entender que a diferença de temperatura é muito maior no inverno, mas o preconceito cultural leva algumas pessoas a reclamarem do calor daqui embora não reclamem do frio de outras latitudes. Quem sofre com o frio ou com o calor são os pobres que não têm roupas adequadas, grossos cobertores e lareira (inverno) nem ar condicionado ou ventilador (verão) e ainda por cima trabalham no sol. Morei muitos anos no Rio Grande do Sul, onde o inverno é forte e posso dizer que o frio só é bom quando está quentinho. Ninguem gosta do frio, pois se gostasse sairia com pouca roupa na rua, quando a temperatura está bem baixa. O que as pessoas podem gostar é do ambiente que o inverno proporciona o que é absolutamente diferente da sensação de frio.

COMENTÁRIOS NO FACEBOOK

Como publiquei a essência deste texto na minha página no “facebook” recebi alguns comentários, alem de saber que 18 pessoas curtiram minha postagem (18 amigos é quase 80% do total da minha seleta lista). A Fernada Costa escreveu: “” Disse tudoooo!!!”; A Viviane Passos Gomes que foi minha aluna no Mestrado (Direito Ambiental – UEA), foi fazer doutorado na Espanha e hoje mora na Europa, comentou: “Exatamente prof., pras bandas daqui do Pólo Norte não tem beleza natural e/ou artificial que faça eu gostar do frio, ainda que eu goste de outras coisas que lugares frios proporcionam!; O Vladimir Paixão e Silva observou: “Ozorio, parabens por suas considerações”. A Natalia Wawrick Fonseca escreveu: “Entre aguentar o calor e aguentar o frio, mais fácil conviver com o calor”.

PRECONCEITOS ODIOSOS

Repudio todos os preconceitos sobre nossas amazonidades, por enxergar neles, uma falta de saberes e de neurônios funcionais, excetuando as questões ligadas à saúde. As pessoas modestas, como eu, não gostam quando o sol não aparece nos domingos de igarapé ou de praia, na vazante e os amantes do Rio se decepcionam com tempo ruim (sic).

E como esse texto se direciona para os preconceitos ressalto o comentário feito pelo meu amigo André Cirne Lima (tracidional família gaúcha) e que reproduzo: “Certíssimo Ozorio, me lembro bem quando morastes aqui, destes uma enorme contribuição para a discussão de se buscar um desenvolvimento mais equilibrado. A Federação das Indústrias daqui te deve muito pelo conhecimento que aportastes nas discussões. Bons avanços tivemos naquela época, período em que se preparava a Rio/92 e se criava o Código Ambiental do RS. Por aqui sempre se tem fogo nas casas (lareiras, fogões a lenha, etc.) e muita roupa quente, além do ar condicionado, nas cidades. […] Abração, saudades”.

Por aqui, caros leitores deste texto, os empresários me ignoram e valorizam uma fundação que vende créditos de carbono (microbem) que faz parte do macrobem (meio ambiente), que é bem público, contrariando o Princípio Poluidor Pagador da legislação brasileira que pune quem polui, enquanto a venda de carbono para os alienígenas significa pagar para poluir. Lembro, com orgulho ter representado a Fiergs na Comissão Consultiva do Conselho de Recursos Hídricos do RS, que elaborou a primeira Lei das Águas brasileira depois da Rio-92 (Lei 10.350/94).

Em agosto estarei fazendo a Conferência de encerramento de um Simpósio Internacional sobre Mudancas Climáticas e Recursos Genéticos, em Florianópolis, pois no sul as pessoas gostam de ouvir o que penso, falo e escrevo. Como diria Ibrahim Sued: sorry periferia.

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