*Celdo Braga
Chega a dar água na boca
quando eu começo a lembrar
de uma boa caldeirada
de branquinha, de cará,
de bodó, acari-pedra,
tucunaré, tamuatá.
Ainda na caldeirada
o gostoso tambaqui,
a pescada no salpreso,
a joaninha, o jaraqui
só com farinha e pimenta
malagueta ou murupi
Pra comer frito, o mandií:
muito bom, melhor não há.
Surubim, caparari,
arari, xiripirá,
mandubé, matupiri,
dá gosto só de pensar
Na brasa, feito moquém,
matrinxã e apapá.
Pira pitinga, pacu,
aracu e jundiá,
aruanã (macaco-d’água),
cangati e mapará
Cuiú-cuiú no guisado
é um prato especial.
Melhor só pirarucu
que não conhece rival,
assado, frito, cozido,
é o peixe preferido,
fresco ou curtido no sal.
Feito de várias maneiras,
piramutaba, bacu,
pirarara, peixe-lenha,
braço-de-moça, jejú;
sarapó, só bem assado;
e se for bem preparado
há quem coma até muçu.
Dentre centenas de peixes
que a gente pode escolher,
pirabutão e pirinha
pegam tempero a valer.
Pacamão é esquisito,
mas no guisado ou no frito
é gostoso de comer.
Peixe-cachorro, traíra,
flecheira, curimatã…
A pupeca de sardinha
servida pela manhã
com café preto, pupunha,
macaxeira e tucumã.
Pirapucu, piraíba,
mojica de tambaqui,
escabeche de dourado,
pratos iguais nunca vi…
Por isso é bom ser caboco,
por isso eu gosto daqui.