Poema recolhido da obra “Pedra Pintada (uma viagem à cidade da minha primeira infância)”, ainda inédita.
A cidade floresceu com o extrativismo,
economia da floresta preservada
nos frontões das casas senhoriais,
comércio no piso e moradia em cima
para o conforto de todos.
Não se continham só em construir
os casarões para abrigar o trabalho,
aspiravam pela arte das platibandas
e dos arcos ogivais das janelas e portas,
arte herdeira do gótico.
Os prédios vestem a cidade com um traje
de austeridade espiritual daquilo que ficou,
nos armazéns de classificação da borracha,
nas casas aviadoras dos lagos e seringais
e nos cofres cheios de dinheiro.
Todos oferecem testemunhos daquela temporada
como o traço de união com a vida que passa.