Manaus, 29 de março de 2024

O impeachment e o futuro

Compartilhe nas redes:

Na atual conjuntura não há como fugirmos de uma análise da conjuntura política, no momento em que se decidiu pela busca de novos rumos. Para complicar, ainda tivemos que superar uma estapafúrdia decisão do presidente interino da Câmara Waldir Maranhão, investigado da Lava-Jato.

Além de intrometer-se na tramitação do Senado, surpreendeu o país e causou queda nas bolsas e alta do dólar, assustando investidores. Seus argumentos tinham fragilidades marcantes: parlamentares não podem divulgar votos antes da votação em plenário e partido político não pode fechar questão sobre o tema, por ferir o direito de ampla defesa.

Arrependido da lambança, Maranhão anulou o ato que revogou a sessão do impeachment, com receio de perder o mandato. Alguém conseguiu fazê-lo raciocinar que sua assinatura não poderia invalidar 367 votos dos deputados, que admitiram a abertura do processo.

A base legal do afastamento foram as pedaladas fiscais e os decretos que liberaram recursos sem autorização do Congresso. Todavia, o que alavancou a vontade amplamente majoritária dos brasileiros foi a corrupção, a roubalheira da Petrobrás, a crise econômica, a inflação descontrolada, 11 milhões de desempregados, o loteamento da administração, enfim o mau governo.

A presidência pagou o preço da incompetência para o exercício do cargo e da persistência nos desacertos cometidos. A versão do golpismo não convenceu: o STF regulamentou o procedimento da tramitação, rejeitou procrastinações e houve o exercício da mais ampla defesa.

Impressiona o acirramento dos debates que faz aflorar como determinados políticos têm o desplante de assentar os seus anseios pessoais, nem sempre os mais virtuosos, acima dos reais interesses nacionais, com mecanismos escusos e protelatórios.

Alguns defendem a manutenção do governo, por razões monetárias e pela necessária sobrevivência à custa de repasses do dinheiro público.

Michel Temer terá pela frente inúmeros problemas: terá que, vivenciando dificuldades, gastar menos do que arrecada e reduzir a dívida pública; precisa trazer de volta ao mercado os desempregados e fazer a economia voltar a crescer.

Poderá entrar para a história, se adotar a meritocracia, mas causará frustração se, com um governo de amigos e apadrinhados, não conseguir tornar realidade um novo caminho, dentro de padrões éticos, sonho de muitos brasileiros desiludidos com a política.

Um novo governo desperta confiança, mas o desafio é grande, duradouro e doloroso para todos, que sofreremos para recuperar o tempo, as oportunidades e os recursos desviados.

O fisiologismo, a busca de vantagens pessoais em detrimento do bem comum, obstaculiza as medidas necessárias à recuperação do país da adversidade instalada pela corrupção, adotada como forma de governar. Está comprovado que o presidencialismo de coalizão, que adota a troca de favores não dá certo, daí precisar de urgente reforma eleitoral, para reprimir tal malefício.

Resta-nos confiar na mensagem do futuro ministro da Fazenda Henrique Meirelles, grande esperança da nossa recuperação econômica: “Não há soluções fáceis e espontâneas. Desequilíbrios acumulados ao longo de anos não serão revertidos em poucos meses. Mas será possível retomar investimentos, voltar a gerar empregos e elevar renda e consumo, criando dinâmica nova e positiva na economia”. Antes tarde do que nunca.

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques