Manaus, 16 de abril de 2024

Ministro, não é assim que se constrói uma nação!

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Padece de rigor e responsabilidade o comentário infeliz, mais um, do sr. Paulo Guedes, ministro da Economia, a respeito da Zona Franca de Manaus, dessa vez destilado para empresários e políticos do Ceará, o Estado mais amazonense do Nordeste. “Trata-se de um modelo anti-econômico e tudo mal feito”. O comentário soou como futrica e só não é mais grosseiro do que sua avaliação estética sobre a esposa do presidente da França. Noblesseoblige, sua excelência! Seu despreparo não é apenas técnico, é ético e de equilíbrio moral, posto que não atende aos requisitos de um ministro de Estado. O que é mais lastimável é ter sido entregue a este cidadão o controle gerencial da Suframa, a autarquia que, há 52 anos, administra os destinos de nossos acertos econômicos e socioambiental. Pior do que isso é ver lideranças civis e representação da classe política levando a sério o desempenho e as promessas vazias deste paraquedista econômico.

Persona non grata – Temos algumas coisas a fazer, e a mais urgente delas é exigir seu afastamento do comando da Suframa, ou melhor, de seu Conselho de Administração. Ele tem que ser declarado impedido por uma ação civil pública. Ninguém movido a tanto preconceito, desconhecimento e intrigas pode se habilitar a um papel do qual depende um cinquentenário de brasilidade, na redução de desigualdades regionais e compromisso de proteger, desenvolver e integrar a Amazônia Ocidental, mais o Amapá, ao resto do Brasil. A despeito da crônica indiferença nacional, certamente, este senhor não sabe que desta região já saiu mais de 45% do PIB do Brasil, durante três décadas, na virada dos séculos XIX e XX. Se o Brasil tivesse compromisso com a Amazônia teria transformado essa riqueza singular em investimentos de infraestrutura para, em vez de exportar a matéria prima do latex, implantar na região uma Indústria de artefatos de borracha para atender as demandas do mercado mundial. Jogamos essa oportunidade no lixo por duas oportunidades, nos dois Ciclos da Borracha na Amazônia.

Carapuça em construção – E em que parâmetro se baseia Paulo Guedes para dizer que aqui se trata de um programa de desenvolvimento anti-econômico? Com um verbo fácil, o ministro consegue se embaralhar nas próprias avaliações da realidade. Há um ano, preparando sua entourage na carona Bolsonaro, um movimento criado pelo anti-lulismo, Guedes assim se manifestou “A concentração de poder e de recursos financeiros no governo federal explica muito de nossa degeneração sistêmica”. Ora, todos os movimentos do ministro estão nesta direção. Ele só aceitou o cargo de fosse um supercargo, com plenos, diversificados e inquestionáveis poderes. E nada sugere que ele irá reduzir a arrecadação. Muito pelo contrário. Ele está, portanto, esculpindo o referencial administrativo de sua biografia pública. O mais perfeito dejavu da história recente. E, finalmente, caberia esclarecer: o que há de mal feito na Economia do Amazonas, aplaudida por entidades europeias e mundiais e absolutamente negligenciada pelo Estado nacional. Feio é desconhecer a importância de nosso desempenho climático. Mal feito é seguir confiscado os recursos aqui gerados e que aqui deveriam ser aplicados. Mal feito é fazer o jogo da difamação com cartas marcadas, da ignorância obscura de propósitos e da intriga encomendada. Não é assim que se reconstrói uma nação, senhor Ministro.

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