Manaus, 28 de março de 2024

Justa homenagem

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“Empresário, professor, apaixonado pelas letras e artes, Benchimol integrou o pequeno grupo de intelectuais – Ferreira Batista, Bosco Araújo, Pantoja Evangelista – quando da criação do Clube da Madrugada.

Acompanhei, à distância, ainda com os devidos cuidados em razão da pandemia e por consciência de defesa com a minha e a saúde de outras pessoas, a sessão solene especial que a Assembleia Legislativa do Amazonas realizou, recentemente, para homenagear o professor Saul Benchimol com a medalha “Ruy Araújo”, condecoração que tive o privilégio de redigir a Resolução de instituição, a pedido da deputada Socorro Dutra Lindoso, que foi a autora do projeto.

A homenagem foi de iniciativa do deputado estadual Serafim Fernandes Corrêa, antigo vereador, secretário municipal e prefeito de Manaus, e atual parlamentar, um dos ex-alunos do ilustrado professor Benchimol que, em boa hora, prestou preito de gratidão à trajetória singular do homenageado. Serafim tem sido o grande defensor dos projetos de cultura, educação e artes, a ponto de ter-se ornado Honorário da Academia Amazonense de Letras.

Empresário, professor, apaixonado pelas letras e artes, Benchimol integrou o pequeno grupo de intelectuais – Ferreira Batista, Bosco Araújo, Pantoja Evangelista – quando da criação do Clube da Madrugada, um movimento que se empenhou por novos tempos nas artes e na literatura e, mais que isso, pelo menos nos primeiros anos, por um novo pensar, e que se transformou na casa dos jovens talentos da época.

Trata-se de uma família de judeus – e quantas dessas famílias contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento da região – que se determinou a atuar no comércio sem se afastar do interesse pelo campo intelectual, e, no magistério, ele se houve não só com extrema qualidade na exposição dos seus conhecimentos, mas, também, com reconhecida Ihaneza no trato e ampla participação nas questões de interesse da sociedade amazonense.

Dois escritores – Etelvina Norma Garcia e Abrahim Sena Baze – já se debruçaram sobre a vida e a obra de Saul Benchimol, e o fizeram com a maestria de sempre, mas me arvoro a adicionar uma faceta singular dessa trajetória, creio que desconhecida, mas de enorme significado. Ao iniciarmos a implantação da Secretaria de Estado de Cultura em 1997 nos deparamos com a necessidade de estimularmos a criação de uma entidade de direito privado, o braço civil do trabalho que se iniciava, de modo que pudéssemos ter agilidade nos processos e adotar uma política de pessoal diferenciada em relação aos artistas, especialmente da orquestra Amazonas Filarmônica e do festival de Opera, cuja instituição se fez na ocasião.

E foi a Saul Benchimol, a Antônio José de Mattos Areosa e a Afrânio Sá, e depois a Moisés Israel, José Nasser, Mário Sussman que recorremos, e, durante muitos anos, foi o mestre Benchimol que presidiu e liderou a gestão da Associação de Amigos da Cultura, sem a qual não teriamos conseguido realizar muito do que foi feito, ações que, sem dúvida, modificaram completamente o cenário das artes e das mente o cenário das artes e das manifestações culturais no Estado. Ele foi fundamental.

Portanto, a partir de agora, com essa revelação, quando se pensar em reconhecer a brilhante presença desse ilustrado professor na Universidade Federal do Amazonas e no campo empresarial, inclua-se, por justiça, essa sua decisiva contribuição, na qual se empenhou com tranquilidade e seriedade, sem que dela tenha auferido qualquer remuneração.

Justa a homenagem, portanto.

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