Manaus, 29 de março de 2024

Jornalista Phelippe Daou: um homem além de seu tempo

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“Surgia na década de 70, o que seria depois de muitas lutas a TV Amazonas, hoje Grupo Rede Amazônica, a semente que coloriu a Amazônia, tempos de coragem.”

Nesse encontro e desencontro, depois de sua partida, o tempo nos permite analisar que o jornalista e empresário das comunicações Phelippe Daou, pode acompanhar e rever em preto e banco o desenvolvimento da cidade de Manaus e muito especialmente da Amazônia, registrando os tons da decadência do ciclo da borracha que ele escreveu em páginas amarelas no extinto “O Jornal,” que trabalhou por um longo período até criar a sua própria caminhada no seguimento da televisão. A cidade de Manaus que ficou inertes de esperança, ao ver no abandono seus prédios construídos com materiais importados da Europa, no apogeu da riqueza do látex.

O repórter Phelippe Daou, dedilhou na velha máquina de datilografia Remington, onde ele escrevia suas matérias de política e a vida comercial cujo plantão fazia diariamente na Associação Comercial do Amazonas (ACA), todos os dias. Foi um profissional diferenciado, como bem lembra seus companheiros da época especialmente o jornalista Almir Diniz de Carvalho. Cruzou com os olhos da ousadia, muito além do horizonte que o Amazonas só viria a perceber após a conquista do seu espaço na televisão e dessa forma tornou-se o símbolo da libertação do nosso estado e da Amazônia, que tanto amou.

Surgia naquela hora, na década de 70, o que seria depois de muitas lutas a TV Amazonas, hoje Grupo Rede Amazônica, a semente que coloriu a Amazônia, tempos de coragem. Foi transpondo rios e as densas florestas, para estender-se aos municípios e Estados esquecidos na Amazônia, pois somos pioneiros hoje assistidos na mais distante comunidade da nossa região, naquele momento era o olhar inteligente do repórter e mais tarde empresário visionário para conceber tal avanço.

Comemoração do terceiro aniversário da Rede Amazônica. Esfregando à vista sua filha, Cláudia Daou Paixão e Silva. (Foto:Acervo Abrahim Baze)

Por tantas vezes, em conversas comigo, ele dizia “quem não sonha, não realiza”. Poderia ter sido apenas um sonho de verão amazônico temperado com o calor tropical mais era sim, um projeto definitivo e planificado passo a passo na mente de um homem que em companhia de dois fiéis seguidores Milton de Magalhães Cordeiro colega de redação e o publicitário Joaquim Margarido, um carioca que adotou a Amazônia, operário do bem fazer. Os três leais amigos iniciaram seus passos na criação da primeira agência de publicidade, a “Amazonas Publicidade”, criando com belos anúncios o movimento da vida comercial de nossa cidade.

Phelippe Daou, por tantas vezes se reinventou na mutação de jornalista e empresário acreditando na possibilidade de alavancar a Amazônia. A contribuição do Grupo Rede Amazônica está além de seu tempo com uma comunicação moderna e em tempo real com o papel eficaz de informar bem e em tempo real seus telespectadores.

No decurso da história da Amazônia, o imaginário que ao longo do seu contexto até o início do século XX vinha sendo reproduzido era de um território despovoado e isolado dos demais territórios do Brasil. Porém, a partir da década de 60 esse fato começou a ser quebrado por conta da determinação dos jornalistas Phelippe Daou, Milton de Magalhães Cordeiro e o publicitário Joaquim Margarido que juntos resolveram através das comunicações, apresentar a Amazônia não somente para o Brasil, mas para o mundo.

Revendo a nossa história, a empresa Amazonas Publicidade foi fundada em 30 de setembro de 1968. Naquele mesmo ano, o Ministério das Comunicações abriu uma concorrência pública para a implantação de mais um canal de televisão em Manaus, na época só existia a TV Ajuricaba. Dessa forma Phelippe Daou apresentou um projeto de implantação de uma televisão, enfrentando o desafio de ocupar a Amazônia com veículo de comunicação.

Com a concorrência pública ganha em junho de 1969 logo foi constituída a empresa Rádio TV do Amazonas Ltda. No ano de 1970 a empresa recebeu a outorga da concessão do canal, com prazo de dois anos para levar ao ar a nova emissora. Durante esse período foi feita a aquisição de equipamentos técnicos nos Estados Unidos, cuidados necessários com projeto técnico e principalmente a escolha do local da sede e da torre de transmissão.

Após todo esse período de ajustes, a Rede Amazônica canal 5, foi inaugurada no dia 01 de setembro de 1972, ano do Sesquicentenário da Independência do Brasil e, após trinta dias de testes experimentais, sua projeção a cores tornava a emissora como a primeira no Brasil a ser projetada a cores. Nessa ocasião foi adotado o lema de autoria do então presidente General Emílio Garrastazu Médici “Amazônia – desafio que unidos venceremos”. Nesta época a empresa abraçou o compromisso de integrar as pequenas comunidades das mais longínquas isoladas barrancas do imenso território amazônico, levando cidadania e fazendo um jornalismo sério.

Quanto a sua programação naquele período, a Rede transmitia programas adquiridos da TV Record, Fundação Padre José de Anchieta de São Paulo e da TV Cultura do Rio de Janeiro, além de filmes e seriados adquiridos de distribuidores de filmes como a FOX e a Columbia. Na área esportiva usavam matérias compradas em Miami, Rio de Janeiro e São Paulo. Sua programação mesclada manteve-se durante um ano, até que no mesmo período surgiu a TV Bandeirantes dando os primeiros passos para formação de uma rede nacional. Em 1973, a Rede Amazônica tornou-se afiliada da Rede Bandeirantes e passou a exibir uma programação mais variada, com esporte, show, desenhos e filmes de sucesso. Desde a sua inauguração a empresa utilizou VT com imagens da Amazônia ao som do hino nacional, com abertura e encerramento da programação.

A partir de 1983 as emissoras da Rede Amazônica, de Porto Velho/RO, Rio Branco/AC, Boa Vista/RR e Macapá/AP, quando dá-se a unificação dessas já afiliadas Rede Globo. Em 1986, a Rede Amazônica em Manaus, também filiou-se a Rede Globo. Com a programação unificada, foi possível a utilização de um canal no satélite Brasil SAT, que possibilitou a transmissão de programas produzidos em Manaus para as emissoras da Rede.

Foto da inauguração da Rede Amazônica, vendo-se à frente do Dr. Philippe o seu filho, Philippe Daou Júnior. 1 de Setembro de 1972. (Foto:Acervo Abrahim Baze)

Vencido o compromisso de integrar a Amazônia, hoje no século XXI o Grupo Rede Amazônica, está a porta de completar meio século de existência e continua sendo uma empresa que ao longo de seu trajeto, luta pelos interesses da região amazônica e procura fazer um jornalismo dentro da liberdade de imprensa e da ética. Tem como propósito participar de tudo que se relaciona ao nosso Estado e com a região, tomando para si a missão de erguer o futuro, permanecendo na caminhada e registrando belas páginas no setor das comunicações na Amazônia.

É por todo esse compromisso com a nossa região que O Grupo Rede Amazônica tem o firme posicionamento de continuar vivendo a nossa história como uma lição de vida, fruto de legado sério, gerando bem estar a uma vasta região e de seu povo. Por isso, diante da era digital o Grupo assumiu também, o compromisso de alcançar o telespectador com a alta qualidade onde ele estiver, aos seus mais importantes meio de informação e entretenimento, de forma interativa, a qualquer hora, em qualquer lugar: em casa, no carro, no celular através da TV digital.

No contexto do seu legado, também estão as empresas do Grupo que contribuem com o desenvolvimento de nossa região e se destacam em qualidade de serviços: o Amazon Sat que é a cara e a voz da Amazônia, o Portal Amazônia que é a internet verde e as rádios, CBN Manaus 101.5, CBN Amazônia Rio Branco 98.1, CBN Amazônia Macapá 93.3, CBN Amazônia Guajará-Mirim 93.7, CBN Amazônia Belém 102.3, CBN Amazônia Manacapuru 96.3 e o Centro de Convenções Studio 5 – Festival Mall. Por fim a Fundação Rede Amazônica que é uma instituição sem fins lucrativos e serviço da sociedade e do desenvolvimento da Amazônia, como braço social do Grupo Rede Amazônica.

Homem probo, cultivou grandes amizades tornou-se um símbolo de amor à natureza, do meio ambiente e da ação permanente da proteção as águas, dos igarapés e dos recursos naturais. Homem extremamente religioso por convicção, cuja generosidade foi sua marca, herança deixada aos seus filhos e netos.

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