Manaus, 16 de abril de 2024

Integração universidade-pesquisa

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O governador José Melo deverá certamente trabalhar alternativas econômicas ditadas pela biodiversidade da região de forma a suplementar o modelo instalado no Polo Industrial de Manaus (PIM). A questão básica consiste em como viabilizar a implantação de parques tecnológicos capazes de disseminar tecnologias de transformação das matérias-primas oriundas de nossa biomassa. Inquestionavelmente, essenciais à promoção da interiorização do desenvolvimento.  Gigantesco esforço implica, em última análise, na reestruturação de todo o  sistema estadual, e da própria Suframa, no que concerne ao planejamento da ação governamental, à política de ciência, tecnologia e  inovação e à produção agropecuária. Estes setores constituem a essência, a base de sustentação de novos paradigmas de gestão que se fazem necessários para poder trabalhar programas e projetos, promover negociações junto a organismos de governo no plano federal e multilateral (Bid, Banco Mundial, Unesco dentre outros), avaliar a implantação e medir retornos desses empreendimentos.

Sob esse ângulo, o novo superintendente da Suframa, Gustavo Igrejas, deve, penso eu esquecer o aspecto da interinidade de sua nomeação e avançar imediatamente entendimentos com o governo do Estado nessa direção. Os que militamos nessa teia de enorme complexidade bem o sabemos quão tenro é o liame entre o ente federal e o estadual em termos operacionais. Sobretudo quando se trata do estabelecimento – quase sempre muito difícil – de políticas públicas para o crescimento econômico capazes de conciliar os assim chamados setores tradicionais (a base industrial do PIM) e os de alta tecnologia voltados à exploração da economia verde. Isto é, integrados em busca de conciliar a modernização do PIM em escala mundial e a promover a abertura de novas sendas visando à inclusão do interior ao contexto da economia global da região e do país..

É lamentável constatar que este passo quase sempre esbarra em obstáculos políticos intrincados e em grande medida intransponíveis. A falta de sintonia de ações entre a universidade e os centros de pesquisa é certamente a barreira, o empecilho mais significativo. De fato, Ufam, Uea, Inpa, Embrapa, Cba e Fucapi, não é segredo para ninguém,  caminham por trilhas isoladas, sugerindo fortes contornos misantrópicos. Importantes recursos aplicados em tais circunstâncias são desperdiçados por deficiência nos canais de  conectividade, ausência de interface e governança do sistema de C,T&I.

Em conversa semana passada com o economista Assis Mourão, professor de Economia da Ufam, referimo-nos à grave constatação do quanto a universidade e a pesquisa estão de costas para o mercado.  É pobre o comprometimento expresso em relação à produção de conhecimentos e sua transferência ao setor produtivo de bens de consumo. Mais uma vez, isto não é segredo, produzindo efeito deletério, nocivo e danoso ao processo de desenvolvimento. Os governos estaduais detêm efetivo poder político sobre o funcionamento desses importantes organismos na região e em seus territórios. Não pode, portanto, haver distanciamento entre expectativas, planos e programas do poder local e os oriundos e comandados pelo governo da União.

Não raro se ouve no seio da sociedade graves questionamentos sobre o lado prático do trabalho do Inpa, Embrapa, Ufam e Uea. Afinal, o que faz exatamente o Inpa nesses seus sessenta anos de existência? A Embrapa Amazônia Ocidental não convence quanto ao seu verdadeiro papel no suporte ao desenvolvimento da agropecuária amazonense, de quase nenhuma expressão nacional. E em relação à universidade, qual seu papel além de formar profissionais de nível superior quase sempre distanciados do mercado de trabalho em função da baixa qualificação do ensino? Estes questionamentos exigem respostas conclusivas e definitivas. Sem mão de obra técnica de qualidade não há plano de governo que subsista. Definitivamente,  imperativo se torna inverter os termos desta equação.

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