Manaus, 18 de abril de 2024

Galvão, o Capitão e o General

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Julho de 2019, o Conselho da SBPC, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, soltou uma nota de desagravo pelas ofensas desferidas pelo presidente Jair Bolsonaro contra o cientista Ricardo Magnus Osório Galvão, dirigente do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, desmoralizando (ou enaltecendo?) a reputação de um dos pesquisadores brasileiros mais reconhecidos pela comunidade científica internacional. Julho de 2015, Manaus. Um grupo de generais, sob a batuta de Theóphilo Cals, Comando Militar da Amazônia, abre a porta da instituição para os cientistas do Inpa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, dentro do Projeto Pro-Amazônia – que incluía comunicação de fibra ótica com cabos subfluviais nas calhas dos grandes rios – para bioprospectar alternativas da floresta. Um dado curioso é que o Ministro da Ciência e Tecnologia era Aldo Rebelo, um notório comunista e, entre os cientistas participantes, alguns eram estrangeiros, algo impensável na Doutrina de Segurança Nacional dos anos 60 sobre a cobiça estrangeira e a soberania nacional.

As redes sociais e a mídia tradicional nos sugerem que a querela política ainda não cedeu espaço à reconstrução nacional. Nem cederá, posto que os grupos seguem frenéticos e implacáveis. Não lhes interessa programas de governo, apenas futrica e desconstrução. Quem critica o governo, assumidamente direitista, é esquerdopata, uma divisão, no mínimo, aloprada e empobrecida. Este combate favorece apenas aos mais criativos a se saírem bem na foto da disputa eleitoreira. Ainda neste domingo, Dia do Senhor, o Twitter de Bolsonaro voltou a satanizar seus inimigos. “Vou falar do PT sempre. (…) Não é porque perderam a eleição que seus crimes devem ser ignorados”. Isso não seria publicidade gratuita?

Neste meio tempo, PIB do Brasil desce ladeira, o desemprego é alarmante, beirando 14 milhões, ansiedade e depressão viram epidemia social e as notícias de suicídios de 2018 revelam que a cada 46 minutos alguém está pondo fim à própria vida.

É bem verdade que a inépcia das últimas décadas agravaram os problemas crônicos do Brasil – incluindo a corrupção, que a justiça está cuidando – por isso, a prioridade, então, é trabalhar dobrado. Há muito anúncio de obras e pouca plata no orçamento. A máquina é gigante, ineficiente, veloz como um jabuti. E sua manutenção já está beirando R$ 1 trilhão. Os cortes prioritários são perversamente cruciais para Educação e Ciência e Tecnologia. E isso fecha horizontes novos. O presidente do Brasil governa para e com os brasileiros, este é o espírito constitucional que se destina a encurtar as disparidades e apaziguar a beligerância entre pessoas, agremiações e regiões. Do jeito que está, aonde iremos parar?

No próximo ano, vamos celebrar o trigésimo ano da queda do Muro de Berlim, que dividiu o mundo entre comunistas e capitalistas, uma separação ideológica com implicações perversas para o povo germânico. Com a queda, a Alemanha reunificada se tornou a maior potência econômica da Europa. Entretanto, muitas lutas ainda há que se vencer para o povo superar a insensatez da ruptura. A completar três décadas, a Alemanha permanece rachada econômica, social e politicamente.

Findo o Regime Militar, há mais de três décadas, o Amazonas, a maior unidade geográfica da Federação, viu sua economia – acusada de paraíso fiscal pela mídia desinformada ou mal-intencionada – e ser transformada em exportadora líquida de recursos, justamente a partir da riqueza gerada pelas empresas e destinada a mitigar as desigualdades regionais. Muita falta de respeito.  Não importa demonstrar se esta economia gera mais de um milhão de empregos e que a Indústria aqui instalada se encarrega, na distribuição nacional de seus produtos, de provocar três vezes mais a cobrança de impostos, aqueles 8,5% que aqui a União deixa de recolher. Paraíso fiscal é uma distorção de consequências danosas para nossa economia, assim como usar as redes sociais para o exercício da provocação renitente, não para interlocução objetiva e participativa sobre desemprego… Afinal, eis aqui nossa questão mais urgente!

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