Manaus, 18 de março de 2024

Festejando a arte

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“Cada uma tem sua própria história. A de “Jazz” nasceu do desejo do governador Amazonino Mendes de que o Estado tivesse orquestra de baile”

Apesar do sofrimento que temos atravessado em 2020, a arte precisa ser festejada condigna mente, notadamente quando se comemora a criação de dois importantes grupos musicais da nossa terra: a “Amazonas Jazz” e a “Orquestra de Violões do Amazonas”.

Instituídas pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura ao tempo em que tive o privilégio de exercer a titularidade do órgão por 21 anos, completam-se, agora, vinte anos de atividades artísticas, em muita boa forma e alta qualidade técnica. Méritos aos que têm atuado nessas jornadas não têm faltado. E público fiel, igualmente, a prestigiar as apresentações, a aplaudir os competentes e dedicados instrumentistas e maestros que nos dão orgulho.

Cada uma tem sua própria história, como é natural. A de “Jazz” nasceu do desejo do governador Amazonino Mendes de que o Estado tivesse orquestra de baile, para a qual ele próprio desenhou a indumentária clássica que foi utilizadadurante algum tempo. Quando estabeleci a sua fundação, normas e o grupo inicial de instrumentistas, coloquei-a sob a direção do maestro Júlio Medaglia que atuava em Manaus. Sua composição e proposta artística eram diferentes da atual.

Pouco adiante, o privilégio de curta temporada com o maestro SandinoHoagen e, em seguida, determinei a uma servidora da Secretaria que procedesse a busca, via internet, de maestros que desejassem dirigir orquestra na floresta amazônica. Dias depois Inês Daou, a quem atribui essa missão, apresentava o curriculum de Rui Carvalho, à época em Campinas. Convidei-o a vir a Manaus. Veio. Viu. Gostou do que estava sendo feito e transferiu-se, de mala e cuia, como se diz. Contratei-o e tudo cresceu e floresceu sob sua batuta. Acertei em cheio, pois havia outras opções.

Tempos depois Rui Carvalho me propôs transformar a orquestra em grupo de Jazz, e, adiante, animado com o resultado que estavapresenciando, mandei-o elaborar uma proposta técnica para que pudesse criar o Festival Amazonas Jazz. Na ocasião ele me olhou assustado e parecia descrente. A orquestra faz 20 anos. O Festival faz 10 anos. Ambos, fazem sucesso.

A orquestra de Violões – OVAM, surgiu em audiência que me foi solicitada pelo professor Adelson Santos. Adelson chegou a minha sala desiludido com tentativas anteriores que fizera, sem sucesso, para criar uma orquestra de violões. Entusiasmado, ele me contagiou com a ideia e decidi, de chofre, que faríamos a orquestra e que ele seria o seu maestro. E mais do que isso, Adelson deu corpo, alma, vida à sua ideia, corporificando-a com qualidade e arranjos elaborados para a OVAM. Em seguida, a direção passou para o maestro David Nunes, cria da casa, grandemente dedicado ao trabalho, competente, com brilho próprio e simplicidade, e é quem permanece com a batuta em mãos, fazendo novos e merecidos sucessos.

A presença entre nós de outros maestros de alta qualidade como Luiz Fernando Malheiros, Marcelo de Jesus, Gustavo Medina, Zacarias Fernandes, Elena Koynov e Otávio Simões, e a dedicação que ofereciam ao trabalho e aos jovens amazonenses, aliados a outros que vieram para apresentações pontuais em nossos festivais, foi transformando nossa cidade em polo de arte e cultura porque as ações foram cada vez mais abrangentes, capitaneadas pela Amazonas Filarmônica, Coral do Amazonas e Corpo de Dança, enquanto preparávamos o futuro com o Liceu “Claudio Santoro” e depois com o Curso de Artes da Universidade do Estado do Amazonas.

Um dia será possível contar mais detalhes desse processo para que um maior número de pessoas conheça como se desenvolveu esse belo trabalho de artes feito com tantos corações e almas felizes – o qual vem sendo mantido com determinação por um dos seus grandes colaboradores iniciais – Marcos Apolo Muniz. Por isso, nesse momento especial, o registro dos acontecimentos com base rigorosa na verdade é indispensável para evitar distorções dos fatos.

Vivas, e muitas vezes vivas, aos que construíram e aos que mantém acessas essas belas chamas.

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