Manaus, 29 de março de 2024

Evangelizar – Modus in rebus

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Euclides da Cunha não escreveu somente Os sertões. Em palestra no IGHA – Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, o Professor Dr. Leopoldo Bernucci nos ensina que Euclides da Cunha escreveu vários ensaios desde os dezessete anos até sua morte em 1909.

Chamou-me atenção o interessante texto Regatão Sagrado, manuscrito do autor de os Sertões, em que narra o plano de Dom Antônio de Macedo Costa, bispo do Pará nomeado pelo Papa em 1860, em construir o Cristóforo. Seria um navio-igreja para singrar nos rios da Amazônia. Uma grande basílica fluvial, com campanários, púlpitos, batistérios e altar.

Segundo Euclides da Cunha a ideia não se efetivou e ele ironicamente disse ter sido “uma pena”. Vejam a conclusão de Euclides da Cunha, retirada do livro ensaios e inéditos, cujo um dos coordenadores é o próprio Leopoldo Bernucci, professor de Davis, Universidade da Califórnia:

“Imagine-se a cena: um arraial longínquo, adormecendo ao cerrar da noite; e despertando na antemanhã seguinte com uma catedral ao lado. No alto da barranca, despertas pelos sinos, as gentes surpreendidas, em massa, vistas pasmadas, já não reconhecem o próprio chão onde nasceram”.

O Sínodo sobre a Amazônia, que será realizado em outubro no Vaticano, discutirá a possibilidade de ordenar homens casados e mulheres para atuarem na nossa região.

Trata-se de uma abertura sem precedentes na história da Igreja. Na verdade, o Papa Francisco quer dar uma resposta ao que ele chama de ecologia integral: “o grito da terra e dos pobres”. Nos parece que o papa convocou o Sínodo a fim de proteger os povos da Amazônia que é considerada o pulmão do planeta.

A nossa Marinha possui navios para prestar assistência médico-sanitária às populações ribeirinhas, com o propósito de contribuir para a melhoria das condições de saúde existentes na região amazônica. Será que o Sínodo pretende resgatar a ideia de dom Macedo Costa e implantar um navio-igreja, feito o Cristóforo de que tratou Euclides da Cunha?

Como Católico não sou contra a evangelização. Só que deve ser feita modus in rebus. Para tudo deve ter moderação.

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