Manaus, 28 de março de 2024

Em nome da vida

Versos de amor
Versos de amor

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(1993)

Em nome da Vida!

Urge que recomecemos

Imediatamente recomecemos

A resgatar o desejo

Que se esquivou de nós,

Mas que é fogo que retorna

Pelo atrito dos corações

Ainda aquecidos

Da última chama!

 

Precisamos mesmo

Superar essa angústia!

Aliás, precisamos

Anular todos os receios

E principalmente

O de buscar o afeto

E o de se encantar novamente

Com a ternura!

 

O amor, entre todas as coisas que nos interessam

É aquilo que mais nos interessa agora!

 

Precisamos erradicar o Medo

A síndrome do medo

A sacralização do medo

Desse medo em que se assentam

Impérios e religiões,

E até do medo de um dia

Não se sentir medo algum!

 

Em nome da Vida!

É ousar, indagar,

Desfrutar, arguir,

Permitir, conferir,

Consentir, concorrer

Reinventar, inverter,

Cometer, transgredir

Tudo em nome da Vida!

E tudo para afrontar o Medo,

Para impingir aos Titãs do Medo

As suas próprias loucuras!

 

Não devemos acreditar

Que o Medo seja essa

Potestade inatingível,

Senhor dos nossos destinos.

 

Somente o nosso levante,

Como num jogo de espelhos psicolépticos,

Poderá deixar o Medo às voltas com a sua própria hierarquia de demônios geniosos.

 

O Amor – ou buscar o Amor que seja –

Será o nosso alimento

Durante luta tão árdua e inadiável.

Nossa ousadia será o projeto,

Sinopse que descortinará os caminhos

Para o enfrentamento fatal!

 

Em nome da Vida!

É chegada a hora

De arrostar o Medo

E vencer os seus caprichos.

 

Ou o Medo ou Nós!

Nenhuma simbiose,

Nenhuma convivência

Serão admitidas.

Pois o Medo é parasita

Que corrói a alma.

Meia-morte que infelicita o Amor.

E, sem Amor, translúcido e são,

Não sobreviveremos Nós!

 

E começaremos já,

Reinventando canções de ninar

Ousando emoções descabidas

Indagado corações, além dos nossos,

Invertendo a desordem dominante,

Transgredindo o caos estabelecido,

Permutando-nos proibidos desejos,

Analisando intenções subjacentes,

Cometendo os carinhos libidinosos

Consentido os sorrisos fraternais!

 

Nutriremos a flor!

Que, de tanto medo,

Ganhou áridas arestas,

E murchou o botão natimorto,

Encardindo o vendo

De desbotadas pétalas cinzentas

E odorosos rastros fúnebres!

 

Em nome da Vida!

Umedeceremos novamente a flor

Com o suor dos nossos corpos

Úmidos de humores espectrais!

 

E tantas coisas,

Meritórias coisas

Nós umectaremos

Com o suor de nossos corpos.

Pois os nossos suores

Merecem melhor utilidade

Do que a penosa obrigação

da tarefa contraproducente!

 

Em nome da Vida!

Assim que a flor medrar

E o medo sucumbir

Daremos crédito

Ao fato tão óbvio:

De que o labor e o viver

Não podem ser cativeiro

Coletivo e despersonalizante,

Mas a conquista pessoal

E intransferível!

 

Os nossos suores,

Em nome da Vida!

Serão destinados

A produzir a catarse

Para que, purificados e decididos,

Possamos ajudar a dádiva

A alentar a flor

E termos o gosto

De vê-la crescer

Diante da indiferença alheia.

 

Os nossos humores,

Em nome da Vida!

Serão destinados

a produzir o contra-medo,

o antídoto do medo

e o anti-horário,

para combater o absurdo

dos relógios maçantes

desses que marcam

as idades e os medos.

 

O anti-horário

Não combaterá o Tempo,

Mas desvelará a hora.

Pois a planta sabe

Que o Tempo não tem horas,

Não precisa de horas,

Não tem parâmetros

Nem fusos, nem parafusos,

Nem paradas para descanso!

 

E, adotado o Tempo sem horas,

Somente descansaremos Nós,

Se for para recomeçar!

Reabastecidos de entusiasmo,

Estudado o estratagema

Melhorado o esquema,

Reciclado o motivo,

De tal forma que

O nosso descanso

Só tenha valor merecido

Se o ócio for benefício

E não pausa obrigatória.

 

O ócio esperado

no qual se produzirá.

O interregno para ficarmos a sós,

Sob a melhor lunação,

Em algum lugar,

Onde o Medo não terá como saber

Que há um encontro

Realizando a Vida!

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