Manaus, 19 de abril de 2024

É duro ser nortista

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Observei dois acontecimentos sem qualquer ligação aparente que deixou consequências para a cidade e para mim pessoalmente, mas numa estreita ligação com a situação que vivemos hoje em Manaus.

No o primeiro foi o tombamento de uma carreta carregada de chapas de compensado no cruzamento com a Djalma Batista, nas primeiras horas de um dia “normal” na nossa capital. Digo normal com aspas porque a anormalidade hoje é a regra. Aqui tudo é possível e todos se arrogam a desprezar o código de postura do município e as mais elementares regras de boa maneira e educação.

O caso do acidente com a carreta poderia ser um acontecimento banal, que pode acontecer em qualquer cidade do mundo. Em São Paulo, por exemplo, acidentes semelhantes não são nada raros. Mas com urna diferença. Eles acontecem sempre numa faixa de horário, pois lá esse tipo de transporte só pode trafegar no período noturno nas áreas urbanas delimitadas pelas autoridades. Aqui na Zona, que é corno aparentemente os empresários de logística acham que é Manaus, as carretas, caminhões e demais transporte de carga pesada trafegam a qualquer hora de acordo com os interesses e o vezo do motorista e de seus patrões. E são conduzidos como ‘se fossem carros de passeio com um galeroso no volante.

Há um ato administrativo dos tempos do prefeito Amazonino Mendes que delimita o tráfego desses veículos apenas no período noturno, que é como funciona em cidades ainda não tocadas pela barbárie. Aqui, não. Na Rua Saldanha Marinho, por exemplo, enormes caminhões baú e carretas fazem fila no trecho entre a Rua do Barroso e a Avenida Eduardo Ribeiro, para abastecer o Supermercado Carrefour, obstruindo a via e causando colossais e barulhento engarrafamentos. Eu sei, eu sofro isso quase todos os dias! Assim, o acidente citado no começo desta crônica “não foi algo fortuito, mas uma rotina. Porque nesta pobre cidade não há respeito por nada. No trânsito, então, é um segmento do inferno de Dante. Motoristas que compraram carro para pagar em 20 anos acreditam que com o carro receberam um ato que lhes dá direito divino sobre as ruas. Podemos dizer o mesmo dos motociclistas. Até mesmo um carrinho de bebé que a mãe conduzia de forma temerária no shopping eu já tive a oportunidade de testemunhar.

O outro acontecimento eu experimentei na pele. Como se não bastasse às companhias aéreas tratarem os passageiros do Norte e Nordeste como pessoas de segunda classe, usam aparelhos velhos e sucateado além de oferecem voos nas altas horas da madrugada, como se fossemos idiotas insones. Chegando ao destino os voos do Norte e Nordeste nunca usam os “fingers”, estacionam no meio do nada e temos que enfrentar ônibus lotados e trepidantes guiados por motoristas da formula 1. Na minha última viagem a São Paulo, no embarque para Manaus chovia torrencialmente. Nenhun guarda chuvas e todos os passageiros da TAM embarcaram ensopados no avião.

Uma semana antes, regressando do Rio de Janeiro, o voo da GOL não pôde aterrissar em Manaus devido a uma tempestade. Nada a reclamar pelos cuidados da tripulação que procedeu dentro dos padrões de segurança. Mas fomos desviados para Santarém e lá abandonado no salão de embarque entre 12h às 19h, sem água, sem comida. Minutos antes do embarque serviram uma quentinha infame e nem talheres. É duro ser nortista!

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