Manaus, 17 de abril de 2024

Ainda sobre um novo modelo

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A configuração de um novo modelo deve ficar longe da propaganda eleitoral que junta, no mesmo saco, gente de várias tendências que, no caso de vitória, vai provocar uma divisão do poder por secretarias com seus titulares privilegiando, na administração, seus próprios interesses. Um projeto de desenvolvimento substantivo precisa ter sua origem em uma vontade política (no bom sentido) e estar alicerçado em uma forte base teórica idealmente transdisciplinar, única forma de formatar um documento básico de política (no bom sentido) de desenvolvimento para o Amazonas. Essa base conceitual deve servir como passo inicial para uma ampla discussão com a sociedade, objetivando a formatação de uma Agenda de Desenvolvimento com causas pétreas e prazos pouco flexíveis. Evidentemente, o cerne é o uso da biodiversidade assentado no conhecimento tradicional e agregação de conhecimento científico e de biotecnologia de ponta.

 

OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS.

O Amazonas, na época do descobrimento, era habitado por milhões de seres humanos que viviam, exclusivamente dos produtos dos ecossistemas e que, segundo todas as descrições da época, gozavam de boa saúde e tinham excelente qualidade de vida. O pastor metodista americano – Daniel Kidder – que viajou pela Amazônia em 1840, escreveu: “se apenas o povo se desse ao trabalho de colher aquilo que a natureza tão prodigamente lhe põe nas mãos, não poderia deixar de enriquecer”.  Alberto Rangel, em 1908 tipificou a região como Inferno Verde, porem a realidade mais evidente é que temos um Paraíso Natural onde o fenômeno da vida no Planeta tem suas raízes mais profundas. Que o digam Curt Nimuendaju, Nunes Pereira, Koch Grünberg, Djalma Batista, Samuel Benchimol, entre outros.

 

O EXEMPLO ESTÁ POSTO.

Os homens vestidos de hoje não conseguem entender como homens nus, sem ciência, sem tecnologia, linguagem escrita, escolas, computadores, televisores, celulares, internet, conseguiram formatar sociedades organizadas que usavam a natureza para a vida e não para a usura. O modelo está aí, faltando apenas adapta-lo a uma nova era tecnológica com menos impurezas morais e éticas.

 

O NOVO PROJETO.

Nas comemorações do 143º aniversario da Associação Comercial do Amazonas (26/06/14), conversava sobre um novo rumo para o Estado com o Sr. Jose Azevedo, quando se aproximou um político (no mau sentido) e opinou sobre o assunto informando que tinha conversado com Eduardo Braga…nhem, nhem, nhem. Não me contive e retruquei afirmando que desenvolvimento não se faz com Terceiro Ciclo nem com Zona Franca Verde que são infantilidades ambientais, econômicas, sociais, políticas, etc. Ele não gostou e foi embora.

A meu juízo, precisamos de um Projeto de Estado cujo primeiro passo é a elaboração de um documento teoricamente denso, feito por quem tem conhecimentos científicos verticais em várias áreas do conhecimento, usando a inter ou transdisciplinarmente (nunca multidisciplinarmente) para escrever os grandes objetivos assentados em inequívocos princípios e postulados éticos. O segundo passo é a formação de uma Agenda de Desenvolvimento do Amazonas a ser desenvolvida por técnicos de elevado nível ouvindo a sociedade civil qualificada e não apenas organizada.

É urgente encontrar um novo caminho, pois o modelo Zona Franca é apenas uma economia de enclave cada dia mais frágil e dependente de acordos políticos (talvez mancomunação) para sua permanência. E por estar esgotado, o modelo não tem acenos de futuro como atestou Samuel Benchimol que o tipificou como modelo eunuco. As entidades de classe e as ONGs moralmente sadias devem se mobilizar através de suas lideranças (não as politicas – no mau sentido) para construir um novo futuro assentado em nossa biodiversidade que deve ser usada com inteligência e não com a burrice política que transformou o Centro de Biotecnologia em um monumento ao nada. O modelo Empresas Coloniais foi adotado pela Inglaterra (Companhia das Índias), pela Holanda (Sociedade do Suriname), por Portugal (Capitanias Hereditárias), mas hoje a configuração do mundo é outra. Para construir um futuro sólido precisamos muito mais do que fabricar bens posicionais usando matéria prima e insumos importados que transformam nosso meio ambiente e nossos ecossistemas em fossa de resíduos. Alem, é claro de concentrar renda na capital, deixando o hinterland em um cruel e desumano abandono. Se alguém duvida, é só dar uma “espiada” nos números do PIB, do IDH-M e do IDEB.

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