Manaus, 28 de março de 2024

Água no planeta, no Brasil e na Amazônia.

Fórum da água
Fórum da água

Compartilhe nas redes:

A água pode ser definida como substância inorgânica natural, na perspectiva de recurso natural, essencial para a manutenção do fenômeno da vida no planeta, podendo ainda ser incluída na categoria de recurso hídrico (valor econômico) e de recurso estratégico por causa de sua importância para a produção de alimentos, geração de energia, via de transporte, isto é, como elemento indispensável para o funcionamento dos sistemas naturais e humanos. Uma estimativa sobre a quantidade total de água no planeta Terra diz existir 1.400.000.000.000.000.000 m3 , dos quais 97,62% são salgadas e apenas 2,38% são doces, com essa pequena quantidade se apresentando sob forma sólida (polos, glaciais e gelos eternos dos cumes das altas montanhas) gasosa (vapor d’água atmosférico), e líquida (rios, lagos, solo e em camadas subterrâneas).

ÁGUA NO BRASIL

O Brasil possui a maior quantidade absoluta de água com suas principais reservas hídricas concentradas em apenas três grandes bacias (Amazonas, São Francisco e Paraná) que representam 80% da produção hídrica do país e cujas áreas de drenagem somadas cobrem, aproximadamente, 72% do território nacional, no Aquífero Guarani que se estende por 8 estados e 4 países.

Apesar de possuir corpos de água bastante volumosos, o Brasil só deu proteção constitucional aos seus mananciais na Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo 20, incluiu os recursos hídricos nos bens da União com característica de recurso estratégico, cuja utilização depende de autorização federal.

A mais recente legislação sobre o assunto é a Resolução Conama nº 367 (17/03/2005) que tipifica as águas brasileiras em: 1) doces: com salinidade igual ou inferior a 0,5‰; 2) salobras: com salinidade superior a 0,5‰ e inferior a 30‰; 3) salinas: com salinidade igual ou superior a 30‰.

ÁGUA DA CHUVA E VAPOR D’ÁGUA

A pequena quantidade de água doce tem o agravante de a maior parte dela estar em estado sólido e gasoso, restando para acesso fácil a porção líquida que tem distribuição geográfica muito assimétrica embora seja essencial para o homem e seus animais associados. Esse outro componente não tem regulação jurídica, embora sua importância está associada à evapotranspiração da floresta que, na Amazônia, recicla o vapor d’água que entra na região fazendo a mesma água chover duas ou três vezes.

ÁGUA NA AMAZÔNIA

O rio Amazonas é responsável por 15,5% da descarga de todos os rios do mundo e, além das águas superficiais, as águas subterrâneas também ocorrem em abundância sendo as principais jazidas a Formação Alter do Chão, Formação Solimões e Formação Boa Vista. O aquífero Alter do Chão é explotado em Manaus onde existem cerca de 10.000 poços (autorizados) com profundidade média de 133 metros e vazão de 54 m3/s.

A infantilidade científica, a falta de compromisso político com a qualidade ambiental, a falsa ideia da abundância e a escassez de recursos financeiros, têm produzido danos graves até mesmo aos rios mais caudalosos, alguns dos quais já apresentam uma carga considerável de poluentes cloacais, orgânicos e industriais, além de elevadas concentrações de metais pesados, como mercúrio. Esse contexto infere a necessidade de se refletir sobre o gerenciamento dessa enorme quantidade de água, especialmente na Amazônia que recebe 10 ± 1 x 1012 m3/ano de vapor d’água a partir do Oceano Atlântico, dos quais apenas 6 x 1012m3 permanecem na bacia, com os outros 4 x 1012 m3 sendo exportados para outras regiões brasileiras, como o Pantanal e Sudeste, através dos rios voadores.

Outra questão essencial para reflexão é o fenômeno da cheia e vazante que Spix e Martius em 1831, denominaram como “drama of nature”, sendo inadmissível a (péssima)  utilização de um fenômeno conhecido desde 5.000 anos, para gastar recursos públicos para salvar o que poderia não ser ameaçado.

O contexto hídrico da Amazônia tem um lugar reservado para o grande poeta e escritor Thiago de Mello que sabe, como ninguém, criar, recriar e contar histórias amazônicas, espelhos da vida cabocla, onde ficção e realidade se misturam, refletindo sua crença de que “a boa história inventada é aquela que tem a cara igualzinha à da realidade da vida, a qual, como se sabe, é essencialmente mágica”.  Deveria ser proibido usar essa reflexão em discursos demagógicos.

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques