A saracura é pássaro da chuva,
por isso vive sempre onde tem agua,
ela tricota o canto e dança o mote
três vezes desenhado sobre a pauta.
Seu ninho está no chão, nos labirintos
dos igapós, onde desata o treno
do rosário da reza pela chuva.
Armada com o bico agudo e verde,
talo de mato vivo que floresce
nas asas e nas hastes dos seus pés,
voa rasante e não existe, quase.
O menino aprendeu que a saracura
sempre cantou a paz de um pote d’água,
jamais se tornará ave de agouro
pousada no jirau, dentro de casa.