Manaus, 29 de março de 2024

A Amazônia e as mudanças climáticas. (2)

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Existem duas vertentes conceituais sobre a origem da biodiversidade amazônica, uma indicando que ela é resultante da interação dinâmica de elementos da paisagem que, sob influência do clima, construíram os processos funcionais e os mecanismos que garantem a homeostase do sistema. A outra afirma que a distribuição atual dos organismos no planeta é decorrente dos eventos geológicos e climáticos do passado que limitaram, impediram e/ou favoreceram, de forma diferenciada, a sobrevivência dos organismos, nesse ou naquele local, com esse viés apontando para o conceito da biodiversidade como bem universal. Essa vertente que alimenta a teoria, sempre recorrente, de que o Brasil tem soberania sobre o território, mas não sobre os organismos que o habitam.

 

ORIGEM E IMPORTÂNCIA DA BIOTA.

Vários trabalhos sobre a biodiversidade amazônica relacionam a biodiversidade às glaciações que forçaram a formação de ilhas de vegetação, com rica biodiversidade, rodeadas por savanas, que se expandiram para toda a planície quando o clima regional se estabilizou nos últimos 11 ou 12 mil anos, o que torna indissociável a biologia atual de nosso passado climático.

Essa expansão da biota para toda a planície resultou em uma fortíssima influência sobre o regime pluviométrico local, pois a floresta amazônica através da evapotranspiração, é responsável por cerca de 50% da chuva que cai na região, originadas na evapotranspiração. Esses dados permitem concluir que a retirada da floresta reduziria pela metade a quantidade de chuva e modificaria a duração e intensidade dos períodos de cheia e estiagem com significativas mudanças na mesologia regional e no deflúvio do rio Amazonas.

 

OS RIOS VOADORES

Adicionalmente, estudos realizados sobre a entrada de vapor d’água na atmosfera da Amazônia revelaram que parte do vapor d’água que entra na Amazônia, a partir do Oceano Atlântico, é desviado por “rios voadores”  para o Pantanal, Chaco Paraguaio e regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

 

A INFLUÊNCIA HUMANA.

Na Amazônia a influência humana sobre as mudanças climáticas decorre, basicamente da derrubada e queima da floresta que além de diminuir a intensidade da fotossíntese que retira gás carbônico da atmosfera, ainda contribui com as queimadas, para o incremento desse e de outros gases do efeito estufa. Os dados oficiais sobre o desmatamento da Amazônia não são cofiáveis sendo, por isso, muito mais importante, refletir sobre o modelo de ocupação que passou da linearidade dos rios (modelo rio-várzea-floresta) existente desde os tempos das populações primitivas, para uma configuração de estratégia militar iniciada nos anos da ditadura que direcionou a política ocupacional do território para o modelo estrada-floresta-subsolo, que incentivava a migração de excluídos sociais de outras regiões para ocupar a Amazônia, usando até mesmo toscos argumentos como o slogan “homens sem terra para terras sem homens”.

Por outro lado, o comércio de carbono, (que no Amazonas é praticado por uma Ong que mereceria uma investigação dos órgãos competentes), constitui uma imoralidade e uma ilegalidade, pois o Brasil tem uma lei que adota o instrumento econômico incitativo denominado principio poluidor pagador, para evitar a poluição, enquanto o comércio de carbono é um mecanismo que adota a lógica do pago-para-poluir, trocando uma arvorezinha aqui embaixo por uma fumacinha lá em cima.

As reuniões mundiais para solucionar a questão das mudanças climáticas têm resultados pífios, sendo emblemática essa última e recente, onde mais de 150 países, depois de muito dinheiro e muitas reuniões decidiram não decidir nada.

O Brasil esteve presente em todos os encontros e a mediocridade mais expressiva foi dada na COP-15, realizada em Copenhagen, quando a líder do grupo Brasil, a então Ministra da Casa Civil do governo brasileiro – Dilma Rousseff – declarou: “o meio ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. (Isto é, ano 32, nº 2093, p.30).

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