Manaus, 16 de abril de 2024

A Amazônia e as mudanças climáticas (1)

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O clima do planeta, ao longo de milhões de anos, sofreu grandes mudanças, incluindo períodos de esfriamento e de aquecimento global sendo o que o registro mais antigo aconteceu cerca de 241 milhões de anos atrás com consequências drásticas sobre a biota. Outro aquecimento de grande magnitude ocorreu por volta de 150 milhões de anos atrás, quando um período de intenso vulcanismo liberou grande quantidade de gases do efeito estufa provocando um aquecimento médio de mais ou menos 5 graus centigrados. Em tempos mais recentes, no Período Terciário (65-1,8 milhões de anos), um provável choque com um asteroide, causou intensa instabilidade tectônica, extinguindo muitas espécies e deixando como principal marca, na América do Sul, o surgimento da Cordilheira dos Andes.

 

A VIDA E O CLIMA NA AMAZÔNIA

Estudos com polens fósseis de sedimentos profundos também revelaram grande diferença entre o clima atual e o que dominava a região mais ou menos 15.000 anos atrás e indicaram que 11.000 anos atrás em muitas áreas da Amazônia não havia florestas. Esses achados revelam a forte relação entre a evolução da biota e o clima, havendo outra evidência em anos  mais recentes (mais ou menos 700 anos depois de Cristo) quando uma significativa diminuição das chuvas provocou grandes mudanças na flora e na fauna.

Outro importante vínculo entre o clima e a Amazônia vem da última transgressão marinha ocorrida entre 5.000 e 6.000 anos atrás, que represou os rios dando origem às várzeas amazônicas que são áreas de grande diversidade biológica e essenciais para o funcionamento dos ecossistemas das bacias dos rios de água branca e para o ambiente humano.

 

MAIS RECENTEMENTE

Cientistas noticiam que, entre 1920 e 1950, a Terra sofreu um aquecimento global entre 0,4 e 0,6 graus centigrados, tendo como uma das causas, a diminuição do vulcanismo que permitiu o aumento da entrada de radiação, elevando a temperatura do planeta.

 

AQUECIMENTO GLOBAL

Evidentemente aqui não é o lugar para descrever os fundamentos científicos do aquecimento global nem para esmiuçar sua relação com o sistema amazônico, porem é o lugar para dizer que, os aquecimentos anteriores tiveram suas causas na própria natureza, enquanto o atual tem suas raízes principais fixadas na atividade humana. O começo desse novo tempo tem sido creditado ao inicio da revolução industrial, com essa constatação levando um cientista do Instituto Max Planck – Paul Crutzen – a propor o surgimento de uma nova era na história da Terra que ele denominou de Antropocena (pós Holocena).

Os alarmes sobre o perigo do aquecimento sobre o fenômeno da vida, não devem ser olhados como profecias do caos, mas como um alerta para mudar o rumo e a rota da história do Homo sapiens, se é que ele continua sendo sapiens. A imperfeição dos modelos climáticos não pode servir como justificativa para desprezar a ameaça real.

E o desmatamento, e as queimadas da floresta amazônica, constituem uma causa importante, não apenas pela liberação, principalmente do gas carbônico, como também pela diminuição de sua absorção, pela redução da superfície foliar onde o processo da fotossíntese usa a energia solar para transformar esse gas e a água em matéria orgânica que dá suporte ao fenômeno da vida.

Vou continuar com esse tema na próxima semana, não apenas para discorrer sobre a relação entre o clima e a Amazônia, mas também para refletir sobre o comércio de carbono realizado, basicamente, por ONGs, instituições privadas “autorizadas” a vender um bem público. Para mim é moralmente difícil aceitar a troca de uma fumacinha lá em cima por uma arvorezinha aqui embaixo.

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