Manaus, 24 de abril de 2024

Onde (não) erramos?

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 como despertar no meio da noite com um terrível pesadelo e constatar que não está sonhando. O que foi que nós fizemos com a nossa Manaus? 

Onde foi que erramos? A cidade de Manaus não merecia isso? Qual cidade merece? Estou me referindo aos fatos hediondos que ocorreram nos presídios da cidade. As cenas dantescas, as decapitações e esquartejamentos das vítimas a sangue frio. As demonstrações animalescas, o voltar as costas para a própria Civilização. O assunto não cessa de aparecer no noticiário internacional, da noite para o dia Manaus se transformou no símbolo da barbárie, na capital da brutalidade desumana. Enquanto isso, ninguém é responsabilizado. Uma instância empurra para outra, a imprensa local mostra-se errática e atônita, incapaz de realmente questionar as autoridades, inerte frente a urgente necessidade de investigar, de dar aos cidadãos o que se esconde nos escaninhos do pode, o que os biombos da cumplicidade criminosa escondem: É evidente que todos nós somos culpados. Fatos como este não acontecem por desídia de um só, ou de uma

dúzia, toda população desta malfadada e maltratada cidade segurou na mão os facões que deceparam pescoços, que estriparam e sangraram seres humanos. Não importa se santos ou bandidos. Não mais estamos na Idade Média em que os hereges eram seguidos pela turba sendo vergastados até o patíbulo onde viravam tochas de carne. Mas parece que os nossos políticos trabalham sem cessar para que este retrocesso se torne realidade. E se todos somos cúmplices, permitam meus sete leitores que sejam enumerados por ordem de importância cada elo desta corrente nefanda. Na cabeça, os políticos, aqueles que pela inércia ou por atos levaram a este ponto a estrutura carcerária. Especialmente aqueles políticos que falharam em ampliar a oferta de escolas e dar aos mestres condições de viver dignamente. Agora cinicamente falam em construir mais presídios, como se encarcerar pobres de pele escura fosse solução. Isto sem esquecer os políticos que se locupletaram do dinheiro público e foram capazes de fazer negociatas como setores tão cruciais para o bem estar do povo e à paz social como a saúde e a segurança. Nestes últimos meses vimos que a estrutura da saúde foi pasto de um assalto que resultou no péssimo atendimento oferecido pelo estado e no esbanjamento de dinheiro em bens suntuários pelos ladrões. Quando se pensava que havíamos chegado ao cúmulo da Cleptocracia, vemos agora as absurdas quantias desviadas por uma empresa de razão social de profundo sarcasmo cujos tentáculos alcançam diversos políticos.

Mas não podemos deixar de fora a responsabilidade do poder judiciário, que atira nos cárceres crimes de menor gravidade para ali mourejam anos a e anos sem julgamento ou uma pena a cumprir. Pior, tratam os criminosos de colarinho branco com tanta morosidade que seus crimes acabam prescrevendo. Estamos cansados de ver tal absurdo acontecer. E se o poder judiciário é um poder que não passa pelo referendo popular, como o executivo, o poder legislativo também não fica nada a dever para esta rotineira gula daqueles que tomam a política como a grande possibilidade de “se arrumar” e o resto que se lixe. Agora é hora de perguntar, quem elege esta gente? Os eleitores, o povo.

Sim, quem elegeu essa gente foi a maioria dos eleitores, e por isso todos nós nos tornamos cúmplices destes fatos que mostraram ao mundo o quanto somos iletrados, rústicos, incivilizados e dignos de pena. No entanto, não é pena que Manaus desperta, muito menos solidariedade. Alguns, armados de cinismo, tentam se eximir afirmando que a maioria dos apenados não é de Manaus. Mas quem abandonou esses imigrantes e jogou nos braços do crime? Quem se deixou cegar pelas ilusões zonafranquenses e não percebeu a maré montante do narcotráfico infectando nossos jovens? Quem for inocente atire a primeira pedra!

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