Manaus, 18 de abril de 2024

Jardim Botânico de Manaus

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Nesse período pré-eleitoral a ignorância emerge com grande vigor espalhando seu odor típico. Meu texto de hoje, em comemoração à semana da pátria, mostra dois exemplos de profunda incultura, indicando que ficha limpa não significa apenas estar quites com a justiça.

Uso como primeiro e emblemático exemplo, a propaganda de um candidato a prefeito que promete criar o Jardim Botânico de Manaus. Para esse desmemoriado político (que não foi convidado para as cerimônias de instalação e inauguração), quero dizer que ele não apenas já existe como tem uma área de cerca de cinco mil quilômetros quadrados e está localizado na face sul da Reserva Florestal Adolpho Ducke, a maior área de floresta tropical primária urbana no mundo.

A história
O projeto Jardim Botânico foi uma iniciativa do então Diretor do Inpa – Ozorio José de Menezes Fonseca (Eu) – e da Prefeitura de Manaus cujo titular era Alfredo Ferreira do Nascimento, sendo absolutamente essencial registrar a participação inestimável e competente do Dr. Wilson Wolter Filho.

A pedra fundamental do Jardim Botânico de Manaus foi lançada no dia 27 de julho de 1999 associando-a às comemorações dos 45 anos de instalação do Inpa (27/07). E como a área da Reserva Ducke é um bem da União foi preciso autorização do Presidente Fernando Henrique Cardoso (lembra dele candidato?) para consolidar o projeto. A inauguração aconteceu em 24 de outubro de 2000 (dia de Manaus) na gestão do Dr. Warwick Estevan Kerr que dividiu com o mesmo prefeito, as honras de comemorar a criação do maior Jardim Botânico do Mundo, que também foi o primeiro criado na Amazônia com essa finalidade, já que o Bosque Rodrigues Alves, em Belém (1883), foi instituído pelo Barão de Marajó para ser espaço de lazer dos endinheirados do período da borracha. Mais ainda: lá existem cerca de 300 espécies lenhosas, e aqui, um levantamento feito na minha gestão relacionou mais de 5.000 (cinco mil).

Complexo de Pedro Álvares Cabral
O candidato pensa que é o fiat lux da história ou que é o protagonista do primeiro dia da criação, uma síndrome agravada pelo complexo de Pedro Alvares Cabral aquele português que morreu pensando que o Brasil começou no dia que ele colocou o pé na Bahia e que também não soube que, no Jardim Botânico de Manaus existem árvores com mais de 500 anos, nascidas antes de ele chegar.

O Jardim Botânico e seu entorno
O início das atividades do Jardim Botânico contou com um projeto de Educação Ambiental direcionado para as crianças do bairro Cidade de Deus, repetindo ali, o projeto de Pequenos Guias do Bosque da Ciência, criado pelo Dr. José Seixas Lourenço e inaugurado por mim e pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso (lembra dele candidato?) em 31 de março de 1995. Meus feitos, candidato, tem alto valor intrínseco e de uso, embora tenham baixo valor de troca que é o que interessa aos políticos de modo geral.

A educação ambiental no Bosque da Ciência e no Jardim Botânico teve, inicialmente, a coordenação competente da Dra. Maria Ines Higuchi e do Dr. Carlos Roberto Bueno, que até hoje realizam um trabalho de alta qualidade nas atividades de extensão do Instituto.

Hoje o Jardim Botânico cresceu em suas atividades e, segundo uma de suas diretoras – Antônia Barroso – o local entre 2009 e 2012, foi visitado por mais de 50.000 (cinquenta mil) pessoas, 95% das quais eram jovens que ali receberam educação formal, informal e não formal.

Um projeto de grande importância atualmente ali desenvolvido é Verde Perto que associa a expressão “ver de perto” com uma chamada para a proximidade do verde das florestas. Na área do Jardim Botânico também se instalou o Musa, realizando projetos e exposições sobre temas amazônicos de grande significado para elevar o padrão cultural do nosso povo e, principalmente, de nossa juventude. Os jovens e adultos que trabalham no Jardim Botânico merecem todo o respeito possível da população, das autoridades atuais e pretendentes.

E como se uma só agressão não bastasse tem candidaturas prometendo construir um rodoanel (que criatividade!) passando pela Reserva Ducke. O Ministério Público deveria patrocinar a abertura de um diarião (mais amplo que o mensalão) para julgar quem destrói ou promete destruir o patrimônio natural e cultural o Brasil e da Amazônia que tem valor intrínseco e de uso muito maior do que os montões de dinheiro roubados pela corja associada ao grupo do poder central e periférico.

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