Manaus, 29 de março de 2024

Dois poemas

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CRIAÇÃO

Um dia ela chegou tecendo encanto,

na voz ternura, em cada gesto plumas,

falou de flores e saudando algumas

enfeitou-as com beijos e acalanto.

 

Sorriu. Vi-lhe o esplendor. Ouvi-lhe o canto

de amor fluindo – sol a espargir brumas –

sonhava – imaginei – sonhos de espumas

laborando prazeres e, ou, quebranto.

 

Auscultei-lhe a alma plena de doçura;

decorei-lhe o corpo de escultura,

modelado em estética suprema.

 

Acompanhei-lhe o olhar que via estrelas,

também as vi, mas sem poder colhê-las,

segurei a emoção: fiz um poema.

 

NEBULOSIDADE

Sempre que alegre vem a madrugada

desvirginando a treva, eu triste parto.

Mansa, ela abre a janela, entra no quarto,

eu saio, alvoroçado, pela escada.

 

E ando. E corro. E adotando a forma alada

da idéia vôo e plano. – E assim me aparto

da vã matéria, sem temor de enfarto:

na cama, apático, a alma despertada.

 

Seguro as crinas do luar, voejo

pelas lindes do cosmo, mas não vejo

a fonte do luar que doura o escuro

 

A fonte é minha amada, e estando nua

empana a luz do sol e encobre a lua

com seu halo de amor que em vão procuro.

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COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques