Manaus, 28 de março de 2024

Desafios de José Melo

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A vitória nas urnas leva o governador José Melo a defrontar-se a ciclópicos desafios. Não apenas como político experiente que é, mas principalmente por sua condição de economista formado pela Universidade Federal do Amazonas, o primeiro colega a galgar a chefia do Executivo amazonense. Ele, portanto, mais do que ninguém está ciente do que o espera no campo político, social e econômico. Já tive a oportunidade de conversar com ele a respeito. Senti de perto seu grau de consciência, segurança técnica e responsabilidade demonstradas ante as alternativas que se põem como pré-condição para superar os graves problemas que impedem nosso crescimento.

Paul Samuelson, professor do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) e Prêmio Nobel de Economia (1970) ensinava que uma das principais razões que induzem ao estudo da ciência econômica reside no fato de nela serem tratados os assuntos que mais de perto nos atingem. No caso do Amazonas sobressaem-se, ao que penso, duas vertentes importantes: a) a integração e interiorização setorial de nossa economia; e b) como trabalhar alternativas econômicas ditadas pela biodiversidade da região.

A Amazônia, por sua extraordinária potencialidade em termos de “economia verde”, sua riquíssima biodiversidade, constitui  o grande desafio mundial do século XXI. Nestes termos vem sendo  amplamente discutida em diversas oportunidades e por diferentes ângulos mundialmente. Manaus, por suas características geopolíticas e ambientais pode vir a se transformar na capital mundial produtora de serviços ambientais avançados. Por enquanto os caminhos para o alcance desses objetivos ainda não estão cientificamente identificados, exatamente pela escassez de investimentos de monta do governo em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Nossos institutos de ensino e pesquisa não conseguem, por falta de recursos financeiros e humanos, desenvolver-se plenamente nesses campos.

O governador José Melo certamente vem também levando em conta outras questões relevantes que reclamam soluções de curto prazo, como sejam: 1) a necessidade imediata de implantação de parques tecnológicos voltados à industrialização de matérias-primas e produtos da biodiversidade como forma de promover a interiorização do desenvolvimento, em complemento aos setores implantados e em implantação no PIM; e 2) tendo em vista a manifesta vocação do Amazonas, confirmada quando Manaus tornou-se uma das sedes da última Copa, de planos e estratégias operacionais para o desenvolvimento da indústria do turismo, considerando suas múltiplas configurações como excepcional polo gerador de emprego, renda e riquezas em todo o Planeta.

Tornou-se consenso que a prorrogação de prazo alavancaria ações imediatas em favor do fortalecimento e modernização tecnológica do modelo Zona Franca de Manaus. A Suframa, contudo, vem sendo tratada de forma discriminatória pelo governo Federal há quase 12 anos. As promessas dos governos do Pt de valorização de nosso modelo de desenvolvimento são em grande medida vãs, vazias, enganosas. Nem a Zona Franca de Manaus, nem a Amazônia, esta a realidade dos fatos, constituem prioridade para o MDIC. Esses polos não vêm recebendo os estímulos especiais devidos em apoio ao processo de desenvolvimento regional. Em consequência, só se amplia a  abissal distância que se interpõe entre promessas e realidade, perspectivas de longo prazo e medidas políticas quotidianas.

Fundado em boas razões, o pedido de exoneração do superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira, apenas confirma o que há anos vimos, junto com outros analistas e estudiosos, denunciando como ilusórias declarações presidenciais, tanto de Lula da Silva, quanto de Dilma Rousseff, de que a Zona Franca é importante para o governo. Não é; nunca foi. Diz-se, quase generalizadamente que S. Paulo é inimigo da ZFM; nossos inimigos, na verdade, conforme explicitado por Nogueira são outros, e moram bem ao lado. Por estranho que possa parecer ainda votamos neles.

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