Manaus, 29 de março de 2024

Cogumelo humano

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Falar de amor é fácil, difícil mesmo é escrever sobre a dor, especialmente quando ela é coletiva e mundial. No entanto é necessário expressar o sentimento para que o coração do homem seja sensibilizado, de uma vez por todas, a não repetir, outra vez, testes de destruição em massa no nosso maravilhoso Planeta Azul. Conflitos sempre existiram, mas nunca visto com a magnitude dos dias atuais. É fato que o homem é o único animal que faz as leis para ele próprio descumprir.

O conhecimento que deveria ser utilizado para fazer o bem, em muitos casos, é usado para construir aparatos para destruição da existência humana na Terra. O direcionamento da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico que poderia minorar o sofrimento e o atraso da Humanidade, é levado para o lado oposto.

Em 1939, assessorado por cientistas americanos e europeus, Henry Truman, então presidente dos EUA, cria o Projeto Manhattan, mandando construir no Estado do Novo México, uma base com 130 mil operários, para desenvolver um experimento baseado na fissão atômica. Toda guerra mobiliza recursos financeiros e humanos para tal fim, muitas vezes esgotando a economia das nações. Concebida em julho de 1945, a bomba atômica (“Little Boy”, artefato de urânio 235), levou três anos de pesquisa e consumiu cerca de US$ 2 bilhões (dois bilhões de dólares).

O fato é o que ocorreu em Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e com Nagasaki, a 9 de agosto do mesmo ano, já com o Japão a caminho da rendição. Na primeira cidade, o B-29 intitulado Enola Gay, em homenagem a mãe do comandante Paul Tibbets, jogou o “Little Boy” que explodiu a 600m de altura, para que a ação fosse a mais devastadora possível.

Eram, respectivamente, 8h15min e 11h02min da manhã, as crianças estavam na escola, quando a bomba explodiu, em ambos os casos, atingindo alvos civis, exterminando os japoneses. O deslocamento de ar foi tão forte que provocou uma ventania de 970Km/h. O choque supersônico matou 300 mil pessoas, quer pelo impacto imediato, pela desintegração dos corpos, queimaduras, exposição radioativa de pais para filhos, problemas genéticos, bebês deformados etc. O trágico acontecimento forçou o Japão a se render formalmente, em 2 de setembro, pondo fim à guerra.

O Necessary Evil era o avião que levava uma equipe de fotógrafos para registrar o horror. Geralmente, nas exposições, observam-se só as sombras humanas, no chão. É que as imagens foram feitas de cima. O efeito tétrico da bomba produziu um “cogumelo humano” em suspensão, pois o deslocamento de ar impulsionava as pessoas para cima, virando, literalmente, pó. Mesmo sendo um crime de guerra, nem por isso os Estados Unidos pediram perdão ao Japão.

Em 1961, a União Soviética produziu a Tsar Bomba, de hidrogênio, de 50 megatons, 10 vezes mais potente do que aquelas. Em 1968, na Guerra Fria as ogivas nucleares estavam instaladas em Cuba, tendo como o alvo Miami (Flórida). Atualmente uma bomba de 1KT (Kilotón), pela fissão atômica, tem a capacidade de destruir mil cidades e, segundo os cientistas,1 bilhão de pessoas morreriam somente no primeiro segundo.

Os outros seis bilhões de viventes deixariam a existência nos segundos seguintes em face de não ter a quantidade de médicos, paramédicos e hospitais suficientes para acolhê-los e tratá-los. Se sobreviver, Gaia poderia enfrentar a hipótese de passar 200 anos de inverno nuclear, então, suponho que sobreviveria apenas a barata por, em um determinado período do ano, expelir um líquido avermelhado e antinuclear.  Outra corrente científica explica que o deslocamento de ar seria tão intenso que o Planeta Terra sumiria e, em seu lugar, ficaria o Sol.

Mais de dois mil testes foram realizados desde a II Guerra Mundial para o aperfeiçoamento do artefato. Nos territórios dos EUA e Rússia existem 15.800 bombas, seguidas pelos países que já dominam a tecnologia: China, Inglaterra, Israel, França, Índia, Paquistão e Coréia do Norte, totalizando o número de 16 mil. Sem dúvida, um arsenal nuclear perigoso e fatal.

Vã é a filosofia que determina que estejamos sós no Universo, quando a maioria dos departamentos de defesa das potências mundiais tem conhecimento e estudam os avistamentos de naves espaciais. Afinal qual é o objetivo de os OVNIS estarem sempre à espreita por aqui? Provavelmente seria o receio de que tal explosão afetasse seus sistemas. A partir de 1968 foi dado um prazo de 50 anos para a Humanidade se reajustar no caminho da paz e no respeito mútuo entre as nações, segundo Chico Xavier, para entrarmos no período da luz. Mas na mesma direção o poetinha Vinicius de Moraes denuncia o terror da rosa radioativa, estúpida e inválida, em Rosa de Hiroshima. O expressivo cantador nordestino Zé Ramalho captou em sua sensibilidade poética A Terceira Lâmina, um canto plangente que nos recorda a arrogância de 1945 e, se não tivermos humildade, ela virá como guerra, a terceira mensagem, na cabeça do homem, aflição e coragem…

O fim da Segunda Guerra Mundial acaba de completar 70 anos: um tema para refletir e repensar sobre o desenrolar da trajetória humana…

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