Manaus, 19 de abril de 2024

CBA: crime hediondo 3

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Nos dois artigos anteriores mostrei como o Programa de Ecologia Molecular da Amazônia Brasileira (PROBEM) poderia ter dado ao Amazonas mais uma opção de sadio crescimento econômico para o desenvolvimento (são coisas distintas) ressaltando que o CBA era uma via para minimizar o modelo cruel da concentração renda e distribuição de miséria originada pelo modelo industrial do PIM. Isso é evidente em uma simples olhada na formação do PIB do Amazonas. O Centro de Biotecnologia da Amazônia era (e continua sendo) a via adequada para o acesso e uso da biodiversidade e dos nossos ecossistemas, e o Acordo com a Novartis não feria a legislação brasileira. Como a Suframa com superintendentes escolhidos por indicação política não tinha e não tem condições de gerir um projeto dessa envergadura foi criada a Bioamazônia uma Organização Social composta por cientistas e pessoas de elevada credibilidade para operacionalizar o projeto.

 

UM VIÉS POLÍTICO

Aqui uma parlamentar, que fazia forte oposição ao governo FHC, auxiliada por um professor alienígena cuja vaidade exacerbada foi “ofendida” pela falta de uma consulta à sua sapiência sobre determinado assunto, (tenho cópia dos ofícios de reclamação e de resposta)  associou-se à parlamentar e os dois, talvez financiados por algo ou alguém, fizeram um escândalo histérico que levou FHC, frouxo e mal assessorado, a editar uma MP que inviabilizou o Acordo. A tal MP espúria só foi regulamentada no mês passado com a aprovação da lei da Biodiversidade (que é ruim). Evidentemente, nenhuma empresa do porte da Novartis poderia esperar tanto tempo pelas lesmas lerdas da classe política e optou por investir em outros locais como em Goiana (PE) e em Cingapura que hoje é um dos mais importantes centros biotecnológicos do mundo, especialmente na área da saúde.

 

A NOVARTIS

É preciso dizer que a dupla alienígena (parlamentar + professor) só não queria a Novartis aqui, pois ela tem fábricas no Brasil e o investimento de US500 milhões em Goiana (PE), foi saudado efusivamente pelo prefeito  Henrique Fenelon que….pasmem, era do PCdo B, o mesmo partido que, aqui, provocou a falência de nosso polo biotecnológico.

 

EM CINGAPURA

Cingapura é um país moderno que enxerga a biologia é vista como a chave do crescimento global da indústria farmacêutica e biotecnológica e, por isso recebeu, em dois anos, investimentos de US 1,5 bilhões, e por lá, o desemprego está na faixa de 2,3%. Essa postura atraiu investimentos das seguintes empresas de fármacos e de saúde: Abbott, Aventis, Baxter, Becton, Dickinson, Eli Lilly, Glaxo Smith Kline, Genentech, Lonzo, Merck & Co., Novartis, Pfizer, Schering-Plog, Siemens Wyeth, que geram muito dinheiro e muito conhecimento científico.  O país oferece incentivos fiscais e não fiscais, ressaltando a formação de mão de obra qualificada, isto é, investimento em talentos. O Amazonas foi criminosamente prejudicado pela ação da dupla, de FHC, dos superintendes da Suframa, da elite econômica e política todos figurando como alvo do meu dedo que aponta os culpados pelo fracasso de um modelo que provocaria uma melhor distribuição da riqueza com polos de bioindústrias espalhados pelo hinterland. Essas pessoas e entidades também são responsáveis pelo atraso na produção de novos produtos que salvariam vidas, pelo atraso irrecuperável na formação de conhecimento científico sobre a biodiversidade, pela ausência de muitos novos talentos científicos, etc.

E como agravante devo dizer que havia um exemplo emblemático a ser observado: O da Nova Zelândia que depois de ter sido abandonada pela Inglaterra na crise do petróleo de 1973, criou um projeto de desenvolvimento denominado kiwi (fruta e pássaro autóctones) que fez daquele país um local onde a economia é assentada nas fazendas terrestres e marinhas, madeira, vinhos, turismo e uma excelente qualidade na educação. O PIB é de mais ou menos US 93 bilhões (US 25,000 per capita), um valor com pequeno desvio padrão. Eles fazem questão de não ter uma economia de enclave e de encrave não produzindo, p. ex., automóveis que podem ser importados sem taxas, impostos e outras roubalheiras do governo. Por aqui nosso peixe símbolo foi apelidado de “piraculhau” (ou algo ridicularmente similar). Um diagnóstico da qualidade de vida em Cingapura e na Nova Zelândia comparado com o daqui seria uma prova contundente e irrefutável do crime hediondo que foi cometido pelos que impediram o pleno funcionamento do CBA, condenando os amazonenses do hinterland a uma viver uma vida precária e desumana.

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