Manaus, 19 de abril de 2024

Biodiversidade e sua exploração sustentada

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O livro “Extrativismo Vegetal na Amazônia: história, ecologia, economia e domesticação”, EMBRAPA, 2014,  no formato e-book, reúne uma coletânea de 31 artigos sobre o extrativismo vegetal na região, com base em experiências processadas ao longo destas últimas três décadas. A obra é organizada pelo pesquisador Alfredo Homma, da EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU), um dos mais importantes especialistas em economia agrícola do Norte brasileiro. Colaboram com a obra pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Emater/PA, Universidade Federal Rural da Amazônia, Universidade do Estado do Pará e Michigan State University.

Logo no Prefácio Alfredo Homma reconhece constituir “um desafio promover o desenvolvimento de cadeias produtivas de produtos dispersos em pequenas quantidades, sem economia de escala, com falta de infraestrutura, baixa produtividade da terra e da mão de obra, perecibilidade e baixo valor dos produtos”. No entanto, reconhece que “a domesticação dos recursos da biodiversidade amazônica, como já ocorreu (ou está iniciando) para o cacaueiro, cinchona, seringueira, cupuaçuzeiro, jambu, guaranazeiro, pupunheira, paricá, mogno, entre os principais, apresenta-se como o caminho mais seguro para garantir a geração de renda e emprego, proteger contra a biopirataria e garantir a preservação dos estoques remanescentes”.

Tais produtos, não raro, apresentam conflito entre oferta e demanda, o que pode gerar barreiras ao estímulo a seus plantios. Na verdade, segundo Alfredo Homma, “todas essas plantas já deviam compor a pauta de produtos produzidos mediante plantios na região amazônica. Esse aspecto resulta em que o sucesso da domesticação tende a acontecer fora das áreas de ocorrência do recurso extrativo. A transferência de recursos da biodiversidade amazônica e a crença em sua inesgotabilidade têm prejudicado seriamente o desenvolvimento regional. Foi o que ocorreu com o cacaueiro, a seringueira, o guaranazeiro, a pupunheira e está ocorrendo com o açaizeiro, o cupuaçuzeiro e o jambu, entre os principais”.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental entende que “para que ocorra o plantio de espécies da biodiversidade amazônica, determinadas condicionantes são necessárias: mercado e preços favoráveis, disponibilidade de tecnologia de domesticação (sistemas de produção) e produtores com percepção para essas novas oportunidades. A inexistência de tecnologias de domesticação, a falta de alternativas econômicas e as dificuldades de infraestrutura ajudam na manutenção do extrativismo vegetal. Daí o perigo de muitas propostas internacionais ao favorecerem o extrativismo vegetal, a lógica da manutenção da floresta em pé, pregarem o culto ao atraso, desviando os esforços dos pesquisadores e dos institutos de pesquisa para ações que dificultam o desenvolvimento dessas comunidades e da região amazônica”.

Estudos do INPA demonstram que o avanço dos conhecimentos sobre a Amazônia tornam possível conciliar desenvolvimento e floresta em pé. Para isso, prioritário se torna valorar ambiental e economicamente seus recursos naturais. Simultaneamente, encontrar mecanismos capazes de permitir a exploração e a preservação do patrimônio natural, atribuindo valor à floresta para que os bens produzidos a partir dela possam competir com outras commodities. O desenvolvimento e a transferência de tecnologias ambientalmente adequadas e de produtos e processos que garantam o aproveitamento das potencialidades regionais devem ser pautados pelo diálogo salutar entre o poder público e o setor empresarial. Esta constatação elementar exige, contudo, plena integração do sistema de ensino e de C&T aos governos estaduais e Federal na região. Premissa que não pode ser negligenciada nem postergada. O amanhã é hoje quando se trata de escala econômica (quantitativa e qualitativamente), particularmente em relação à inserção de produtos da biodiversidade amazônica nos mercados mundiais.

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