*Bruno de Menezes
– “Nega qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
– Nega qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!”
Rufa o batuque na cadência alucinante
– do jongo do samba na onda que banza.
Desnalgamentos bamboleios sapateios cirandeios
cabindas cantando lundus das cubatas.
Patichouli cipó-catinga priprioca
baunilha pau-rosa orisa jasmin.
Gaforinhas riscadas abertas ao meio,
crioulas mulatas gente pixaim …
– Nega qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
– Nega qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
Sudorâncias bunduns mesclam-se intoxicantes
no fartum dos suarentos corpos lisos lustrosos.
Ventres empinam-se no arrojo da umbigada,
as palmas batem o compasso da toada.
– “Eu tava na minha roça
marimbondo me mordeu! …”
Ó princesa Isabel! Patrocínio! Nabuco!
Viaconde do Rio Branco!
Euzébio de Queiroz!
E o batuque batendo e a cantiga cantando
lembram na noite morna a tragédia da raça!
Mãe preta deu sangue branco a muito “Sinhô moço”…
– Maribondo no meu corpo!
– Maribondo Sinhá!
Roupas de renda a lua lava no terreiro,
um cheiro forte de resinas mandingueiras
vem da floresta e entra nos corpos em requebros.
– Nega qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
– Maribondo num dêxa
– Nega trabalhá!” …”
E rola e ronda e ginga e tomba e funga e samba,
a onda que afunda na cadência sensual.
O batuque rebate rufando banseiros,
as carnes retremem na dança carnal! …
– “Maribondo no meu corpo!
– Maribondo Sinhá!
– É por cima é por baxo!
– É por todo lugá!”