Manaus, 28 de março de 2024

Balada para um Vestido de Noiva

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Veio de Bruxelas, das mãos
das mulheres ele se fez,
fios trabalhados da terra
desde o século dezesseis.

Já vestiu quatro gerações,
chegou ao Brasil há cem anos,
com sua singela beleza
aclimatada no Amazonas.

Beatriz Studart, depois
Souza Brasil foi a primeira
e Klarisse Franco de Sá
começou a tecer-lhe a história.

A seguir vieram Kleonisse,
Kleyde, Klemylde, Klícia e mais
Roselle, Roseli, Annik,
Sley, Marli, Solange, Kenya,

e Débora, Karina, Tânia,
mais Sandra Verônica e Flávia,
as penúltimas Krishna e Elke
e Rafaela a derradeira.

A arte das antigas rendeiras
de Bruxelas se transferiu
no seu restauro às mãos prendadas
das descendentes de Beatriz.

Lavado com água da chuva
no doce encanto de uma flor,
é conservado, podem crer,
nas águas eternas do amor.

Envio

A vós envio esta balada,
Klarisse filha de Beatriz,
Klarisse neta de Klarisse
filha de Roseli na linha
de uma gente de tradição
desde o K usado nos nomes,
que não deixou que a bela chama
se apagasse, não!

O poema reporta uma tradição familiar, enriquecedora da memória amazonense: o vestido de noiva tecido em 1910 pelas rendeiras de Bruxelas, capital da Bélgica. Feito para o casamento de dona Beatriz Studart Souza Brasil, genitora de dona Klarisse Franco de Sá, mãe de Roseli, esposa do celebrado intelectual autor do texto acima. Dona Klarisse ao se casar usou esse vestido e inaugurou a tradição de todas as descendentes de dona Beatriz casarem com ele. A peça já tem mais de 100 anos e com ela já foram ao altar 22 jovens. As fotos anexas comprovam a beleza e atualidade do vestido. O assunto foi objeto de reportagem no Programa Fantástico da Rede Globo, veiculado domingo, 24.02.2013.

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Alírio Marques