Manaus, 29 de março de 2024

Balada da cidade do meu primeiro amor

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Canoa do Roseiral
vai no Paraná de Serpa
corta as águas cor de barro
no remo e no vento a vela,
o remo de coração
bate o remador na falca
faz nas águas sons de pluma
são os sons da sua fala,
conversa de dois compadres
a bom remar a canoa
contando estórias antigas
plantadas ali na proa,
terra da pedra pintada
pedra terra iluminada.

Foi o meu primeiro sonho
menino do rio de barro
o meu pai e a minha mãe
e as ondas no doce embalo,
foi o meu maior encanto
chegar na cidade em férias
andar nas ruas e praças
descobrir a luz elétrica,
tomar sorvete de frutas
comer pão feito de trigo
no cinema ver os filmes
de mocinho e de bandido,
pedra terra iluminada
terra da pedra pintada.

Não mais saíram de mim
as luzes daquelas noites
tal como ficou na boca
o sabor daqueles doces,
papagaio de papel
na pracinha em frente ao rio
um dia a maldade humana
tirou do dia o seu brilho,
mas nada ficou mais forte
na minha vida e mais ávida
que o desejo de guardar
no peito Itacoatiara,
terra da pedra pintada
pedra terra iluminada.

(15/07/2013)

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