Manaus, 19 de abril de 2024

A tal sustentabilidade 2

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Ficou demonstrado que muitos exemplos de economia sustentável se dão em comunidade desligada da economia de mercado …

… Porque os produtos destas comunidades se sustentam economicamente, mas, não seriam rentáveis se inserido no mercado capitalista.

Como ressalta Allan A. Wood, professor do Instituto Amazônico de Investigações Imani, da Universidade Nacional de Colômbia, em Letícia, em seu ensaio “La búsqueda de sostenibilidadenlos sistemas productivos amazônicos”:

“Seria mais correto considerar que a sustentabilidade econômica parte não da rentabilidade e sim da capacidade de prover todos os recursos – que podem incluir o dinheiro -necessários para a reprodução do sistema produtivo e suas unidades de produção: Isto coincide com a percepção da economia como a maneira de utilizar recursos escassos para produzir e distribuir bens e serviços de valor para a sociedade. Assim concebida; a sustentabilidade econômica ganha um sentido mais amplo, que poderia incluir a rentabilidade OU não. De todos os modos, quando falta sustentabilidade econômica a um sistema e os atores não encontram uma saída factível para tal situação, contribui para a perda progressiva dos recursos (em termos de mercado, a descapitalização) e a pobreza, que por si conduz a mais destruição ambiental e mais conflitos sociais.”

Como podemos perceber, não há urna solução de sustentabilidade que não esteja baseada na dinâmica das forças sociais, na tecnologia e nas formas sócioculturais heterogêneas. Por muitos séculos o colonialismo e o capitalismo trataram de subdesenvolver a Amazônia, despovoando-a na busca de mão-de-obra, destruindo sua diversidade biológica e fazendo terra arrasada de suas culturas milenares. Para que o conceito de sustentabilidade se torne alternativa de sobrevivência, é preciso evitar a tentação do primitivo, de buscar ressuscitar experiências desastrosas do passado, como o extrativismo. Para o futuro da Amazônia não há diferença em criar uma reserva-extrativista ou desmatar a selva para plantar soja, ambas são parte da mesma retórica, da mesma inconsequência. No Acre, reservas extrativistas, justamente por não encontrarem mais uma saída factível para seus produtos extrativistas se voltaram para a criação de gado, aumentando o desmatamento e a pobreza.

O conceito de sustentabilidade é uma grande conquista da ciência, e deve valer para todos os projetos econômicos, sejam estes do interior da selva amazônica ou no Japão. Na Amazônia, deve deixar o gueto das comunidades primitivas e ganhar outros segmentos mais avançados, capazes de desenvolver tecnologias e pactuar os requisitos de proteção ao nosso planeta. No Japão, a sustentabilidade também deve estar presente como um compromisso de que a preservação da natureza não é exclusiva das sociedades emergentes do terceiro mundo, mas uma obrigação de toda a humanidade. O problema mais em evidência hoje, produzido diretamente pelo modelo predador inaugurado pela Ditadura Militar, é o da degradação ambiental em processo acelerado. Segundo os mais conservadores levantamentos, aproximadamente 18% da cobertura vegetal da região foi destruída irremediavelmente até o ano de 2001, apenas na Amazônia brasileira. A pecuária’ e o uso do solo predominam nessas áreas por toda a região. Entre 1990 e 2003, o rebanho bovino na Amazônia cresceu de 26 milhões e 600 mil cabeças para 64 milhões de cabeças, um aumento de 140%, segundo fontes do IBGE. Mas as sociedades nacionais que possuem a Amazônia ainda não se deram conta os conflitos de interesses que se desenvolvem na região, e os danos irreversíveis que foram causados.

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